terça-feira, 5 de setembro de 2023

Fora de Sincronia

Murillo trocou o Corinthians pelo Nottingham Forest
(imagem extraída de www.facebook.com/officialnffc).



Mais uma janela de transferências da Europa se encerrou e foi inevitável que alguns jogadores deixassem o Brasil rumo ao Velho Continente. Por enquanto este é o caminho natural do futebol visto que as ligas europeias (mais especificamente da Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Portugal) pagam salários muito melhores que a brasileira (sobretudo com a força do Euro ou da Libra em relação ao Real) e têm muito mais glamour.

Os nossos clubes, porém, poderiam ter mais benefícios durante a última janela de transferências se houvesse uma melhor sincronia entre o nosso calendário e o europeu. Explicando: o futebol na Europa entra em recesso entre o final de maio e o início de setembro enquanto o nosso para entre o começo de dezembro e a segunda metade de janeiro.

Os melhores negócios do futebol europeu ocorrem durante a janela de verão, lembrando que no hemisfério norte as estações do ano são invertidas em relação às nossas. Os campeonatos do Brasil, porém, estão a todo vapor nessa época do ano o que dificulta a venda de nossos jogadores sob o risco de haver prejuízo técnico para nossos clubes. 



Deivid Washington deixou o Santos para assinar com o
Chelsea (imagem extraída de twitter.com/ChelseaFC).



A imensa maioria de nossos clubes ainda depende muito da negociação de seus atletas para fecharem as contas. Deveriam, portanto, lutar por mudanças no calendário para que pudessem negociar seus jogadores no meio do ano sem que houvesse grandes prejuízos técnicos para os times, algo que já ocorre há muito tempo em países vizinhos como a Argentina que divide sua liga em duas partes -apertura e clausura- para se adequar ao calendário europeu.

Os clubes, ademais, deveriam acabar com algumas regras que se tornaram obsoletas no próprio futebol nacional, como os limite para um jogador entrar em campo -atletas só podem se transferir para outros times na mesma divisão do Brasil se atuarem menos de sete vezes pelo Campeonato Brasileiro e, na Copa do Brasil, não podem ter defendido algum outra equipe participante.

A manutenção do calendário, como sempre menciona o jornalista Cosme Rímoli, atende a interesses das federações estaduais (que não abrem mão dos obsoletos campeonatos regionais) e da televisão (que defende a realização do futebol entre junho e agosto). Os clubes, como o comunicador sempre menciona, acabam sendo cúmplices porque se submetem sem protestar apesar de serem os mais prejudicados.

Os clubes, enquanto não se mobilizarem por mudanças no futebol, continuarão sendo prejudicados em todos os sentidos. O que ocorre durante as janelas de transferências é só uma amostra do quanto o nosso esporte segue atrasado em nome do interesses de alguns poucos.



Adson trocou o Corinthians pelo Nantes (imagem
extraída de www.facebook.com/fcnantes).




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