quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Cadê a Modernidade?

Imagem extraída de www.facebook.com/cruzeirooficial



Estreia hoje o treinador Zé Ricardo, anunciado oficialmente pelo Cruzeiro no dia 5 de setembro. O carioca chega para substituir Pepa, demitido antes da pausa para a "data FIFA". O ex-zagueiro é o terceiro técnico da Raposa nesta temporada, uma atitude que nem de longe combina com a "modernidade" que os clubes-empresas prometiam ao futebol brasileiro.

O Cruzeiro foi adquirido pelo ex-atacante Ronaldo ao final de 2021 após passar duas temporadas seguidas na Série B. O clube, naufragado em dívidas e em processo falimentar, não teve outra saída senão o modelo de sociedade anônima de futebol (SAF). Como sócio majoritário, o Fenômeno realizou uma série de reestruturações na Raposa, incluindo uma grande reformulação no elenco e a contratação do jovem treinador Paulo Pezzolano. Com as mudanças, os Celestes sobraram na 2ª divisão em 2022 e conquistaram o título tranquilamente.

A realidade, porém, veio à tona no ano seguinte e o muito do Cruzeiro na Série B se mostrou pouco para a Série A. Paulo Pezzolano nem chegou a estrear no Brasileirão, sendo demitido após a eliminação nas semifinais do Campeonato Mineiro para o América -o arquirrival Atlético seria o campeão, o que aumentou o desgosto dos cruzeirenses.

 O Cruzeiro, então, anunciou Pepa que foi elogiado pelo bom futebol. A Raposa, porém, oscilou muito no Brasileirão e caiu na Copa do Brasil diante do Grêmio nas oitavas. A sequência de sete jogos sem vencer na Série A foi a gota d'água e o português acabou dispensado.



Imagem extraída de www.facebook.com/cruzeirooficial



O Cruzeiro, em paralelo aos problemas nos gramados, precisa lidar com as dívidas, sendo a maioria deixadas pelas gestões anteriores: o clube se encontra em recuperação judicial e a cada semana surge algum ex-jogador cobrando a instituição por atrasos nos pagamentos. Não obstante, Ronaldo vem sofrendo com protestos de torcedores da Raposa e também do Valladolid da Espanha (que também é de sua propriedade) pelos maus resultados.

As comparações com o Botafogo, que se encontrava em situação parecida, são inevitáveis. O Glorioso foi ainda pior que a Raposa durante o primeiro semestre -não conseguiu sequer chegar à fase final do Campeonato Carioca e também caiu nas oitavas da Copa do Brasil. Os dirigentes do Fogão, porém, bancaram o treinador Luís Castro apesar dos protestos do torcedor e colhem os frutos agora -o português só não ficou em General Severiano porque recebeu uma proposta "irrecusável" da Arábia Saudita.

A manutenção de um treinador não oferece garantia de sucesso mas foi um dos diferenciais para o Botafogo arrancar na tabela, enquanto para o Cruzeiro, que realizou sua segunda troca no ano, tem sido um dos motivos para a sua instabilidade em campo.

Tanto o Cruzeiro quanto o Botafogo eram clubes que estavam em processo falimentar e acabaram adotando o modelo de SAF por não terem outra alternativa. O Glorioso, porém, deu uma aula de gestão ao não se abalar com os protestos dos torcedores e seguir acreditando em seu projeto ao bancar seu técnico, bem diferente da Raposa que vem repetindo os erros da cartolagem e trocando de treinador a cada crise.

O Cruzeiro atravessa muitos problemas dentro e fora de campo mas a Raposa, como SAF, têm a possibilidade de quebrar o círculo vicioso que tanto atrasa o nosso futebol, algo que os clubes ainda geridos pela cartolagem dificilmente conseguem fazer. Os dirigentes celestes, porém, ainda erram ao não tentarem buscar alternativas para isso, e bancar o treinador ao invés de trocá-lo a cada três meses seria uma delas.



Imagem extraída de www.facebook.com/cruzeirooficial




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