sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Os Limites do Torcedor

Leila Pereira, presidenta do Palmeiras, enfrentou as torcidas
organizadas (imagem extraída de twitter.com/leilapereiralp).



A relação dos clubes com as organizadas mudou bastante durante as últimas décadas. Segundo o jornalista Cosme Rímoli, dirigentes oferecem privilégios às uniformizadas em troca de apoio político. Desta forma é comum que torcedores tenham pleno acesso às dependências das instituições, ameacem ou agridam atletas com a conivência de mandatários e interfiram em assuntos administrativos, em especial as contratações e dispensas de futebolistas e treinadores. Os cartolas, porém, acabam se tornando reféns das torcidas visto que passam a depender dos fãs para se manterem no poder.

Leila Pereira, porém, mostrou-se disposta a desafiar tal sistema ao peitar as própria organizadas. A mandatária não atendeu aos apelos dos fãs que exigiam reforços, bancou Breno Lopes que vinha sendo hostilizado pelas arquibancadas e a cartola cortou privilégios de uniformizadas ao não destinar uma cota de ingressos a grupos de torcedores.

A presidenta foi ameaçada por torcedores durante algumas transmissões ao vivo mas a mandatária não apenas manteve a postura firme como também obteve na justiça uma medida protetiva contra as organizadas. Leila, que chegou a patrocinar o carnaval da torcida Mancha Verde, agora se mostra cada vez mais distante das uniformizadas.



Imagem extraída de twitter.com/leilapereiralp



Muitos comunicadores saíram em defesa dos torcedores visto que são os fãs quem respondem pelo faturamento dos clubes de maneira direta ou indireta. Sim, afinal é o entusiasta quem paga ingresso para assistir aos jogos, oferece audiência/engajamento aos times e consome produtos licenciados. Os meios de comunicação e patrocinadores estão sempre atentos ao movimento do espectador e, com isso, passam a gerar ainda mais lucros às instituições esportivas com transmissões e ações de marketing.

Os clubes, porém, necessitam de administração profissional para sobreviverem enquanto o torcedor sempre age pela emoção como sempre afirmam os comunicadores. Não é raro ver nas redes sociais fãs insultando ou elogiando treinadores e jogadores de acordo com o resultado da última partida. Se a gerência das instituições estivesse nas mãos de entusiastas, muitas certamente iriam à falência visto que suas opiniões variam conforme o humor.

O torcedor tem todo o direito de protestar quando o time está mal e também quando se sente injustiçado, mas não pode interferir nos assuntos administrativos do clube e tampouco exigir privilégios na instituição. Clubes devem ser administrados com seriedade e muitas vezes são necessárias medidas impopulares para que consigam se manter saudáveis financeiramente.

Leila pode ter sido radical ao romper com as uniformizadas mas, ao mesmo tempo, foi bastante corajosa, diferente de seus pares que se mostram mais preocupados com seus cargos do que com a administração de seus respectivos clubes.



Imagem extraída de twitter.com/leilapereiralp




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