quarta-feira, 27 de setembro de 2023

O Lateral "Certo"

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Eu estava pensando há algum tempo em escrever um texto comparando as trajetórias de Rafinha e de Daniel Alves no São Paulo, mas o blog Trivela postou um conteúdo semelhante há três semanas atrás em alusão ao aniversário do camisa 13 do Tricolor. Confesso que pensei em desistir da postagem pelo motivo citado mas o título da Copa do Brasil foi uma ocasião perfeita para trazer o assunto à tona novamente.

Tanto Daniel Alves quanto Rafinha são laterais-direitos experientes e de grande sucesso na Europa. O baiano, porém, chegou em 2019 em uma apresentação cheia de pompas e exigiu uma série de privilégios, dentro e fora de campo. O paranaense, por sua vez, foi adquirido em 2022 sem muito alarde em uma "liquidação" do então rebaixado Grêmio mas foi conquistando o seu espaço e a liderança aos poucos até se tornar o capitão do time naturalmente.

As mentalidades dos dois brasileiros também eram totalmente opostas. Daniel sempre foi um jogador de personalidade forte, adota um estilo extravagante fora de campo e jamais se conformou com a reserva -o baiano chegou a chutar uma garrafa ao ser substituído por Luis Enrique durante seus tempos de Barcelona. Rafinha, por sua vez, sempre foi mais discreto e, mesmo quando perdeu posição para Alaba no Bayern, o paranaense manteve o profissionalismo no banco.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Tanto Daniel quanto Rafinha também tiveram mais um ponto em comum: ambos ajudaram a findar o jejum de títulos do São Paulo -o baiano conquistou o Paulistão de 2021 enquanto o paranaense venceu a Copa do Brasil deste ano. Os destinos dos dois jogadores, porém, divergiram bastante ao ponto do atual camisa 13 ter uma proposta para renovar apesar dos 38 anos enquanto o ex-camisa 10 saiu magoado e não deixou saudades no Morumbi.

Talvez as expectativas e o tratamento oferecido tenham sido o grande diferencial para o destino dos dois laterais. Esperava-se demais de Daniel que recebeu inúmeros privilégios do clube mas o baiano mostrou-se bastante egocêntrico diante de tantos mimos e esteve longe de ser o líder que levaria o Tricolor de volta aos títulos maiores. Rafinha, por sua vez, chegou apenas para compor elenco mas o paranaense aceitou sua condição e, aos poucos, foi galgando seu espaço no time até ter o direito de erguer o troféu como capitão.

Um dos erros do São Paulo, aliás, foi buscar obsessivamente por contratações de impacto durante os últimos anos ao invés de pensar nas carências da equipe. Estrelas ajudam a manter o time em evidência na mídia, vendem mais camisas e até impõem algum respeito diante dos adversários em campo, mas quase sempre custam caro e exigem tratamento diferenciado. Por outro lado, jogadores que chegam sem muito alarde quase sempre surpreendem justamente porque não há muitas expectativas sobre eles. Os casos de Dani Alves e Rafinha foram provas cabais disto.

O São Paulo errou ao entregar as chaves do clube a Daniel Alves mas acertou quando trouxe Rafinha "por acaso". O baiano decepcionou no Tricolor porque se esperava demais do jogador, enquanto o paranaense agradou porque soube conquistar seu espaço. Fica o aprendizado para que os cartolas são-paulinos pensem antes de buscarem por novos atletas midiáticos sem antes pensarem nas reais necessidades da equipe.



Imagem extraída de twitter.com/CopaDoBrasilCBF




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