quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Iconoclastia

Imagem extraída do Facebook oficial de Anderson Silva-
https://www.facebook.com/spideranderson



Até hoje me impressiono com o quanto o brasileiro precisa de ídolos para viver. Muitos de nós depositamos nossa fé e esperança naquele em que acreditamos que nos representa. Políticos, artistas, esportistas e pessoas públicas em geral. A idolatria é tamanha que em alguns casos beira ao fanatismo. Tudo isso impulsionado pela força da mídia.

O que acontece quando descobrimos que aquele ídolo não era nada do que esperávamos? E se descobrirmos que ele fez algo errado, ilegal ou criminoso? Como expliquei no meu texto Castelo de Cartas, é muito difícil construir uma reputação, mas basta um único deslize para que toda uma imagem venha abaixo, tal qual um castelo de cartas.

O lutador Anderson Silva foi um desses ídolos. O brasileiro via no atleta os melhores valores do mundo enquanto ele ainda era capaz de vencer e conquistar títulos. Vieram as duas derrotas para Chris Weidmann e a fama do Spider foi arranhada. O esportista treinou, se reabilitou e, com a força da mídia, voltou aos ringues para vencer Nick Diaz.

Ou não. Um exame anti-doping acusou a presença de substâncias proibidas no sangue do lutador. Veio um segundo teste, realizado antes da luta contra Diaz afirmando que o brasileiro estava "limpo". Toda a esperança a respeito da inocência de Anderson, contudo, veio abaixo quando uma terceira análise, realizada após a reestreia de Spider no ringue, detectou novamente a presença de substâncias ilegais em seu corpo. Estava defeito o "mito" Anderson Silva.

Sentimentos de decepção ecoaram pelo planeta tão logo que os resultados foram divulgados. O lutador recebeu uma suspensão temporária -o brasileiro ainda será julgado para a definição de uma punição definitiva.

Posso dizer como farmacêutico que análises laboratoriais não são infalíveis e há possibilidades de erros, seja por limitações do método, seja por negligência do operador. Para evitar esse tipo de falha, as análises são sempre realizadas mais de uma vez. Em decorrência disso, fica muito difícil contra-argumentar quando mais do que um teste acusa a presença de substâncias consideradas ilegais. É muito difícil, portanto, que o brasileiro seja declarado inocente da acusação de doping.

Tenha Anderson sido culpado ou não, seu caso mostra como nunca devemos acreditar piamente em nossos ídolos. Pessoas públicas são seres humanos como nós, falham como nós e cometem erros como nós.

Meu maior ídolo no futebol é o holandês Johan Cruyff. Gosto de sua filosofia de jogo e sempre leio o que ele tem a dizer, mas isso não significa que eu concordo com tudo o que ele afirma e nem que aceito seus argumentos sem antes refletir a respeito do assunto. Você jamais concordará totalmente com uma pessoa, seja quem ela for. A humanidade é heterogênea.

Podemos admirar as pessoas. É interessante termos uma pessoa em quem nos espelharmos para alcançar algum objetivo, mas jamais devemos superestimar esse ídolo, seja quem ele for.



Leia mais:

Blog do Juca Kfouri- Desculpe pelo cinismo: http://blogdojuca.uol.com.br/2015/02/desculpe-pelo-cinismo/



O ÔNIBUS QUEBROU

A ideia de Di Matteo era congestionar o meio-de-campo para
encaixar o 4-3-3 do Real e isolar os meias dos atacantes. Mas
as subidas dos volantes e laterais merengues acabaram com a
retranca do Schalke (imagem obtida via this11.com).

Roberto Di Matteo bem que tentou usar a tática do Chelsea que deu certo contra o Barcelona em 2012. Mas a zaga do Schalke 04 era muito mais fraca tecnicamente do que a dos Blues há três anos atrás, e pouco pôde fazer diante de um Real cheio de recursos. Ademais, Carlo Ancelotti compensou as ausências de James e Modrić com dois laterais mais ofensivos, Marcelo e Carvajal. E os dois demoliram o ônibus do Schalke com suas subidas para o ataque.



NERVOS À FLOR DA PELE

Muricy inventou um 4-4-2 losango do São Paulo que
não deu certo contra o 4-1-4-1 já estabelecido
do Corinthians (imagem obtida via this11.com).

Faltou equilíbrio emocional ao São Paulo, que foi muito afobado no ataque e tomou muito mais cartões (três por reclamação) que o Corinthians. Muricy também errou e deveria ter mantido o esquema de três atacantes ao invés de inventar em um jogo como esse -Michel Bastos foi recuado para a lateral e o Tricolor entrou com três volantes. O Corinthians mereceu a vitória, mas pecou ao recuar após os gols e deixar o rival ficar com a bola -antigos vícios são difíceis de largar, né Tite? O São Paulo cresceu muito no final do primeiro tempo e só não incomodou mais no segundo porque já estava muito nervoso em campo. De resto, o jogo foi agradável, com muito toque de bola ao invés da correria desenfreada do passado.



PERIGO CHILENO

O Colo-Colo foi a campo com cinco jogadores que já disputaram Copas do Mundo pela Roja (Paredes, Fierro, Beausejour, Maldonado e Suazo) e passou com relativa facilidade pelo Atlético Mineiro, que é um dos melhores times do Brasil. Tal fato não pode ser ignorado, pois isto mostra a força do futebol chileno e podemos ter certeza que alguns deles vão jogar a Copa América pela seleção de seu país. E é bom lembrar que eles teriam nos eliminado no ano passado se a bola de Pinilla não tivesse carimbado a trave de Júlio César. Podemos não ter sorte da próxima vez, ainda mais que jogaremos na casa deles.

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