domingo, 22 de fevereiro de 2015

Flanqueando

Imagem extraída do Facebook oficial do Barcelona- https://www.facebook.com/fcbarcelona/



O Barcelona perdeu em casa ontem para o Málaga em uma falha do lateral brasileiro Daniel Alves (ao centro da foto acima). Tal fato não chega a ser de todo inesperado, afinal tanto ele quanto Jordi Alba são laterais muito eficazes no ataque e no apoio, mas pouco efetivos na defesa.

O lateral mais ofensivo sempre foi uma característica do Brasil. Desde os tempos do saudoso Djalma Santos, nossos laterais são conhecidos por apoiarem bastante o ataque. Fora do Brasil, no entanto, são poucos os laterais que se destacam pela ofensividade, tanto que é comum improvisar zagueiros na posição em caso de desfalques. Mas isto vem mudando nos últimos anos com laterais cada vez mais fortes no ataque, como Lahm, Marcos Rojo, Daley Blind e tantos outros que sobem bastante para cruzar bolas.

Tal característica, contudo, tem contrapartidas e os adversários conseguem jogar nas costas dos laterais aproveitando as subidas destes. Mesmo aqui no Brasil, esse tipo de lateral vem recebendo críticas por deixar espaços para os contra-ataques adversários. Douglas (em seus tempos de São Paulo), Fagner (do Corinthians) e Mena (quando jogava no Santos) que o digam.

Os treinadores, felizmente, encontram maneiras de compensar a falta de defensividade dos laterais sem ter de mudar as características dos atletas. Observe o que já foi feito.


1- USO DE WINGERS: eu já expliquei várias vezes o que é um winger, certo? As equipes adotam esquemas como 4-4-2, 4-2-3-1 ou 4-1-4-1 onde os pontas oferecem cobertura para os laterais, tanto no ataque como na defesa. Os jogadores atuam em duplas vencendo os rivais pela superioridade numérica colocando dois jogadores para tirar espaços dos adversários na defesa ou, então, para sobrecarregar a marcação adversária pelos lados.



Atlético de Madrid no 4-4-2 em 2014-15 (esquerda) e Bayern München no 4-2-3-1 em 2012-13 (direita): laterais têm
liberdade para subir sem comprometer defensivamente as suas equipes, uma vez que os wingers oferecem  cobertura
defensiva para tirar os espaços dos rivais. As setas mostram a movimentação dos atletas em campo (obtido via
this11.com).



2- USAR TRÊS ZAGUEIROS: Louis Val Gaal tinha sérios problemas defensivos durante a Copa de 2014, com zagueiros pouco seguros e laterais estritamente ofensivos. A solução foi adiantar os laterais para o meio-de-campo e colocar mais um defensor. Isto não comprometeu a tradicional ofensividade holandesa, nem a qualidade do futebol jogado. E a Oranje ainda ganhou mais consistência defensiva.



Formação típica da Holanda com três zagueiros: os laterais têm
mais liberdade para subir sem deixar espaços para os contra-
ataques rivais. E, ainda, há wingers voltando para marcar
(imagem obtida via this11.com).



3- ADIANTAR OS LATERAIS: um amigo meu sempre diz que Marcelo e Dani Alves, os dois laterais da Seleção Brasileira na Copa 2014, "não são laterais, e sim meio-campistas". Assim sendo, pode-se entrar em campo com quatro laterais, dois com mais liberdade para subir e dois mais recuados. A última função pode ser feita com dois zagueiros atuando mais abertos, como fazem os times de fora do Brasil.



Em 2013, o então treinador Ney Franco encontrou esta solução
para compensar a ausência de Lucas e aproveitar as características
ofensivas de Douglas no São Paulo (obtido via this11.com).



4- FALSO ESQUEMA DE TRÊS ZAGUEIROS: alternativa da opção número 2. Volantes como Mascherano, Lorik Cana e Luiz Gustavo podem ser postados centralizados à frente da zaga. O Volante recua enquanto os laterais avançam, alterando o esquema para 3-4-3 ou 3-5-2, dependendo do número de atacantes.


Wolfsburg na atual temporada: Luiz Gustavo recua e oferece
liberdade para os laterais Jung e Ricardo Rodríguez
subirem para o ataque (obtido via this11.com).



Se o seu lateral está jogando mal, experimente mandar estas sugestões para o "professor". Talvez uma simples mudança no esquema tático seja tudo o que o lateral precise para brilhar em campo.



HAZARD=RISCO

Não é só no Brasil que os artistas da bola sofrem com a truculência dos rivais. O meia belga Eden Hazard encanta o torcedor do Chelsea com os seu dribles ao mesmo tempo que irrita os seus adversários. Para os jogadores que estão batendo em Hazard, tenho uma sugestão: mudem de esporte e deixem os artistas da bola trabalharem. Futebol é lugar para arte e lances bonitos, e não para violência.



AVISO AO GUERRERO

O Corinthians ainda não chegou a um acordo para uma renovação com o peruano Paolo Guerrero, mas já contratou dois atletas para a posição do camisa 9: o experiente Vágner Love (que vem para disputar posição) e o jovem colombiano Stiven Mendoza (que vem para ser reserva). Como o Timão dificilmente precisa de três jogadores para uma mesma posição, tudo leva a crer que o peruano não deve ficar para o segundo semestre.



O LYON PODE REERGUER A FRANÇA

Mesmo sem ter os recursos financeiros do PSG, o Lyon faz frente aos rivais parisienses e vai liderando a Ligue 1 2014-15 com relativa tranquilidade. Um dos segredos da equipe é o forte investimento nas categorias de base para compensar as dificuldades para se contratar e manter atletas de alto nível. Isto pode ser benéfico para a Seleção francesa, que poderá contar com as pratas reveladas pelos Gones. Se esses meninos repetirem o desempenho na Champions League e também com a camisa dos Bleus, talvez possamos ter surpresas vindas da França neste ciclo.


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