quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Mama África

Imagem extraída do Facebook oficial de Karim Benzema- https://www.facebook.com/KarimBenzema/



Cada vez mais jogadores descendentes de africanos vêm tendo espaço nas seleções europeias. A Alemanha conta com o zagueiro Jérôme Boateng, o volante Sami Khedira e agora com o atacante Karim Bellarabi. Portugal conta com o atacante Nani e o lateral José Bosingwa. A Itália conta com os atacantes Mario Balotelli e Stephan El Shaarawy. A Espanha acabou de efetivar o garoto Munir El Haddadi. A Bélgica tem Kompany, Fellaini, Dembélé, Origi, Lukaku, entre tantos outros. A França, então, conta com uma verdadeira legião de descendentes daquele continente: Benzema, Nasri, Sakho, Pogba, Matuidi, Mangala, Sissoko, ... Mesmo o maior jogador da frança, Zinedine Zidane, tem sangue argelino correndo em suas veias.

Mas o que explica a presença de tantos descendentes de africanos nas seleções europeias? A resposta, no caso, é a imigração.

Muitos africanos vêm à Europa em busca de uma vida melhor, ou então como refugiados de guerras civis. A história do volante francês Rio Mavuba, cujos pais fugiram da Angola, ilustra bem esse tipo de situação. Muitos desses imigrantes tentam entrar de maneira clandestina no Velho Continente e há cada vez mais pressões -populares e governistas- para dificultar ou mesmo proibir a entrada de estrangeiros nos países europeus. Da mesma forma, a xenofobia ganha força contra todo e qualquer imigrante e seus descendentes. Apenas o primeiro de muitos desafios que alguns desses jogadores tiveram enfrentar antes de conhecerem o estrelato no futebol.



Imagem extraída de https://www.facebook.com/FIGC/



Os jogadores, eventualmente, descobrem no futebol um estilo de vida, seja pelo prazer de jogar bola, seja como uma maneira de enfrentarem seus problemas. Desta forma, os talentos dos garotos afloram e não tardam a vir grades clubes atrás deles. Alguns são recrutados ainda nas categorias de base, uma vez que as entidades estão cada vez mais ávidas por jovens talentos. Qualquer menino tido como um craque em potencial pode se tornar o pivô de disputas entre gigantes europeus.

Nos grandes clubes, finalmente, aqueles meninos cujos pais foram obrigados a abandonar o país de origem conhecem a fama e a fortuna. O estrelato, muitas vezes, acontece de forma repentina, com o menino entrando aos trinta minutos do segundo tempo e fazendo aqueles dois gols da virada em uma partida que parecia perdida. Com o cartão de visita, o garoto recebe mais chances, torna-se titular e, em seguida, ídolo.

A fama logo corre o planeta e outros clubes oferecem propostas milionárias ao jogador. A reputação do atleta também chega aos treinadores das seleções, que desejam que o jovem represente um país em competições internacionais.



Imagem extraída do Facebook oficial de Marouane Fellaini- https://www.facebook.com/MarouaneFellaini



Quando a primeira convocação chega, surge a grande dúvida: qual seleção defender? Optar pelas raízes ou ficar com a nação em que o jogador foi criado? As regras da FIFA permitem que um jogador defenda algum outro país além daquele em que nasceu, seja via naturalização, seja via antecedentes.

Paul Pogba, por exemplo, poderia defender a França (país onde nasceu) ou a Guiné (país de onde seus pais emigraram). Os irmãos mais velhos do volante, Mathias e Florentin, optaram por defender o país africano enquanto o atleta da Juventus preferiu vestir a camisa dos Bleus. Há uma infinidade de jogadores nascidos na França que optaram por defender o país de seus ancestrais. Basta ver a Seleção da Argélia, que é quase que completamente formada por jogadores nascidos em solo francês.

Tais regras geraram alguns confrontos curiosos, como o caso dos irmãos Kevin-Prince e Jérôme Boateng, ambos nascidos em solo alemão mas filhos de pai ganês. O mais velho optou por defender a Seleção Ganesa enquanto o mais novo preferiu a Alemanha. E os dois já se enfrentaram duas vezes em Copas do Mundo (2010 e 2014). Jérôme, até o momento, levou a melhor sobre Prince, com uma vitória na África do Sul e um empate aqui no Brasil.

Há quem continue negando a presença de estrangeiros no Velho Continente, mas é inegável a importância dos descendentes de africanos nas seleções europeias. Zidane foi o melhor e mais importante jogador na conquista do único título da França em Copas do Mundo. A Alemanha jamais teria conquistado o tetra sem Boateng ou Khedira. E o que dizer da Bélgica, que possui quase 50% de descendentes no elenco de sua seleção?

Lendo as histórias de todos estes jogadores, vejo no futebol uma esperança para um mundo melhor em todos os sentidos. Para os imigrantes e seus descendentes, o esporte os ajuda a alcançar a tão esperada vida melhor. Para a Europa, vejo no futebol uma maneira de se aumentar a aceitação de imigrantes e também de se combater a xenofobia.



Imagem extraída do Facebook Oficial de Jérôme Boateng-
https://www.facebook.com/JeromeBoatengOfficial/



DERROTAS PARA O FUTEBOL ARTE

Lamentei profundamente que a Universidad de Chile (que joga um futebol no estilo do treinador Jorge Sampaoli) e o Internacional (que tem um grande meio-de-campo) tenham sucumbido para a altitude andina. É apenas a primeira rodada e há muitas chances para as equipes se recuperarem, mas continuo insistindo: os times precisam se preparar melhor para jogar na altitude. Todo ano acontecem jogos nos Andes e, mesmo assim, os clubes nunca fazem a preparação adequada.



IGUAIS

Assisti ao empate entre PSG e Chelsea e gostei do desempenho das equipes do meio-de-campo para a frente. Mas as defesas cometeram faltas pra caramba, principalmente a dos franceses. O que bateram no Hazard ontem não foi brincadeira. E o Diego Costa precisa de alguns conselhos: o hispano-brasileiro abusa muito da catimba e esse tipo de comportamento pode acabar prejudicando as equipes que defende. É bom o Mourinho e o Del Bosque ficarem de olho no camisa 19.



FALANDO EM IMIGRANTES...

O italiano Arrigo Sacchi é um dos melhores treinadores do mundo, mas ele se expressou muito mal quando fez críticas à base da Itália. O técnico declarou que há "muitos negros e estrangeiros nas bases da Azzurra" e deu a entender que estava sendo preconceituoso com os imigrantes e seus descendentes. Eu realmente espero que Acchi não tenha a intenção de ofender os imigrantes, pois, como acabamos de ver no meu texto, africanos e seus descendentes tiveram grande importância para as seleções europeias.


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