terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

A Utopia que Virou Distopia

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Jogar um futebol bonito como nos tempos de Telê Santana. Atuar no ataque e valorizando a posse da bola como o Barcelona. Resgatar os títulos e os valores perdidos ao longo dos anos. Aproveitar mais os garotos formados em Cotia. Era o que esperava o São Paulo quando trouxe Fernando Diniz na metade de 2019. Um projeto magnífico no papel. Uma verdadeira utopia.

Diniz teve seus altos e baixos ao longo deste um ano e meio a frente do São Paulo. Momentos memoráveis como o ano de 2020 invicto em clássicos, as boas atuações diante do Flamengo (exageradamente elogiadas, devo ponderar) e os memes à beira do gramado. Outros nem tanto como as eliminações e a goleada sofrida diante do Inter. Até aí nada muito grave, afinal todos os treinadores erram e acertam.

Diniz, porém, parece que se deixou levar pelos elogios, a grande maioria exagerados. O treinador já foi chamado de "o melhor técnico do país" há não muito tempo atrás. As ofensas aos jogadores também eram exaltadas por incrível que pareça. Os torcedores adoravam e a imprensa se divertia. Como a fase do São Paulo era boa, todos achavam "legal" ver o atacante Luciano e o comandante trocando gentilezas e insultos.

O treinador certamente pensou que deveria manter o que estava estava dando certo. Afinal, por que mudar o estilo de jogo ou a escalação se o São Paulo "jogava o melhor futebol do Brasil"? Por que passar a mão na cabeça dos jogadores se todos estavam adorando ver o treinador proferir insultos e palavrões à beira do gramado? E por que ele deveria sacar Daniel Alves se, até então, ele vinha sendo tão útil e elogiado?



 
Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Diniz praticamente não mudou sua postura a despeito dos resultados negativos. Manteve o onze inicial, a formação em 4-4-2 losango e as mesmas jogadas a despeito dos rivais terem encontrado fraquezas e as explorado com as mesmas estratégias. Continuou cobrando jogadores à beira do gramado com insultos e frases ríspidas mesmo após a repercussão negativa do episódio com Tchê Tchê. E manteve Daniel Alves intocável apesar do rendimento do atleta ter caído bruscamente. O treinador parece ter sido contaminado pela soberba após tantos elogios e se esquecido de pôr os pés no chão diante de uma realidade cruel.

O treinador sempre utilizava a queda diante do Grêmio na Copa do Brasil como justificativa para a má fase. Diniz, porém, já havia passado por situações semelhantes como a derrota diante do Mirassol no Paulistão ou a eliminação diante do Lanús na Sulameircana. Em ambas, porém, o treinador reconheceu que o time precisava de mudanças e agiu radicalmente, barrando medalhões e mudando o estilo de jogo.

Eram cada vez mais fortes os indícios de que o treinador havia perdido o grupo. Apenas Daniel Alves saía em defesa do comandante de forma pública. O time permanecia apático em campo, sem poder de reação, conformado com os resultados ruins.

A utopia de Diniz transformou-se em distopia. O treinador não conseguia extrair mais nada do elenco e sequer demonstrava algum indício de reação. A demissão tornou-se o único caminho possível no atual cenário. E cabe ressaltar que eu apoio a saída de treinadores somente quando sinto que o seu ciclo acabou ou quando a situação torna-se insustentável, o que parece ter sido o caso.

Muitos jornalistas atribuem a maior parte da culpa à atual presidência que promoveu mudanças ao trocar dirigentes importantes (Alexandre Pássaro, Raí e Lugano) com a temporada ainda em curso. Eu concordo, mas ainda acho que Diniz poderia ter ajudado mais ao time e a si próprio no atual cenário.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc




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