terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Paralelos

Imagem extraída de www.facebook.com/Inter



O colunista José Luiz Portella escreveu em 2015 no jornal Lance um ótimo texto a respeito da colonização espanhola na América do Sul. Segundo o autor, os índios querandís que habitavam a atual Argentina e os charrúas que viviam no atual Uruguai eram povos ferozes e que não se renderam aos europeus sem lutar. Esta característica guerreira, ainda segundo o articulista, foi herdada pela população dos mencionados países e isto também se refletiu nos gramados.

Jogadores argentinos eram sempre lembrados pela sua raça e valentia em campo. Muitos deles sabiam compensar a ausência de técnica ou talento com determinação dentro das quatro linhas -alguns até demais, apelando para as faltas duras, a catimba e a deslealdade.

Os tempos, contudo, mudaram e a atual geração de futebolistas argentinos é exaltada pelo talento, pela técnica e pela elegância em campo. Mas perdeu-se no processo a raça e a determinação que motivava os jogadores mesmo durante os momentos mais adversos. Messi, por acaso, é o maior exemplo desta mudança: o Pulga é sempre lembrado pela habilidade excepcional com a bola mas nunca pela atitude nos gramados, tanto que ele é sempre visto cabisbaixo e abatido durante as derrotas -apenas nos últimos anos o atacante mostrou suas garras e passou a ser mais duro com as palavras.

Nunca esqueci um comentário de Juampi Sorín durante a Copa 2014 em que o ex-lateral exaltava o volante Mascherano, um dos poucos (se não o único) que ainda demonstrava aquela mentalidade guerreira em campo pela Albiceleste. Eu mesmo cheguei a mencionar o quanto jogadores como o Jefe fazem falta na Seleção Argentina e no Barcelona.



Imagem extraída de www.facebook.com/HernanCrespoPage



Hernán Crespo fez parte desta última geração de futebolistas argentinos "guerreiros". Ele foi contemporâneo de Simeone, Verón, Pochettino e tantos outros que lutavam pela bola como se fosse um prato de comida. E eles jamais se deixavam abater em campo mesmo diante de uma derrota ou da superioridade de um rival.

É cedo ainda para se comparar Crespo com seus contemporâneos mas o ex-atacante já demonstrou que carrega alguns traços daquela mentalidade com seu modesto Defensa Y Justicia superando o Lanús que possuía, teoricamente, um elenco e um estilo de jogo muito superiores. Não foi muito diferente de Simeone que tirou o Atlético de Madrid da coadjuvância e colocou os Colchoneros para brigarem pelo título da Champions League contra os rivais milionários. Ou Pochettino que reergueu o Tottenham a despeito dos poucos investimentos de seu proprietário, Daniel Levy.

O cenário que Crespo encontra no São Paulo não é muito diferente do que se vê na atual Seleção Argentina: jogadores de talento mas que de deixam abater facilmente diante de adversidades. Atitude, força mental e ambição são qualidades que sempre sobraram na geração de Valdanito mas que têm faltado tanto no Tricolor quanto na Albiceleste.

A esperança de dirigentes e torcedores são-paulinos é de que Crespo traga aquele espírito guerreiro tão exaltado durante as décadas anteriores mas que tem faltado em muitos times da geração atual. Acabar com a apatia e o abatimento em campo.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



A VOLTA DA CHAMPIONS

Terão início hoje as oitavas-de-final da Champions League. Quatro jogos serão realizados nesta semana (dois na terça e dois na quarta) e outras quatro partidas ocorrerão durante próxima semana, todas a partir das 17h (horário de Brasília) nos canais TNT. Os meus palpites para os duelos estão neste post. Que vençam os melhores!




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