quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Choque de Realidade

Imagem extraída de www.facebook.com/fifaclubworldcup



Quando o Brasil sofreu os 7x1 diante da Alemanha, ficou evidente o quanto o nosso futebol parou no tempo enquanto os europeus avançaram. Após a goleada, os adversários parecem ter percebido isto e passaram a temer menos a nossa Seleção em campo. Mas os indícios de que estávamos ficando para trás já estavam se dando no Mundial de Clubes durante as últimas décadas.

As derrotas do Internacional para o Mazembe da República Democrática do Congo em 2010, do Atlético Mineiro para o Raja Casablanca do Marrocos em 2013 e agora do Palmeiras para o Tigres do México são provas cabais de que o Brasil se acomodou no futebol ao passo de que mesmo países com pouca tradição no esporte estão saindo de sua zona de conforto e buscando um lugar ao sol.

A diferença entre os clubes sul-americanos e europeus não era tão grande (ou evidente) até meados dos anos 2000. Tanto que ainda formávamos e mantínhamos muitos craques. Os adversários nos respeitavam até demais, sejam os nossos times ou a nossa Seleção. E a maioria dos jogadores que atuavam no Campeonato Brasileiro ainda prestavam bons serviços quando convocados.

O Brasil é a única seleção pentacampeã mundial. Mais do que isso, sempre se auto-intitulou "o país do futebol" e a "pátria de chuteiras". Tudo isto fez com que nos acomodássemos com o passar do tempo ao passo que os nossos adversários buscaram maneiras de se aperfeiçoar na modalidade em todos os sentidos: na parte física, na mentalidade, no talento, na técnica e até em ciência.



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Hoje pagamos o preço pela nossa acomodação dentro das quatro linhas. Os rivais ainda nos respeitam mas não mais nos temem. Nossos clubes perdem seus craques de maneira precoce para o exterior, nossos campeonatos estão cada vez mais nivelados por baixo, nossos dirigentes só pensam em lucro e nos iludimos em nossa paixão pelos nossos times. Tudo isso se reflete quando nossas equipes precisam enfrentar adversários fora da América do Sul.

O próprio Tigres, o adversário que eliminou o Palmeiras, pode ser utilizado como exemplo positivo: os clubes mexicanos estão investindo muito forte em infraestrutura e na montagem de seus elencos. A liga mexicana, embora ainda não tenha o glamour de uma Premier League ou de uma La Liga, contam com jogos de bom nível técnico, jogadores de renome (o carrasco Gignac é um deles) e agremiações endinheiradas o suficiente para montar e manter grupos competitivos. Tanto é verdade que o México se tornou um lugar atrativo para nossos atletas durante os últimos anos -vários futebolistas daqui foram negociados com o país.

"Mas o São Paulo ainda venceu o Liverpool". "O Inter superou o Barcelona do Ronaldinho Gaúcho". "O Corinthians botou o Chelsea no bolso". Argumentos válidos mas que não servem como desculpa de que o Brasil não necessita de modernização e atualização no futebol. Por que o esquema de três zagueiros do Tricolor parou de funcionar com o passar do tempo? Por que o Colorado caiu ainda na primeira fase da Libertadores seguinte, em 2007, a despeito da manutenção da base? E por que o técnico Tite precisou ir até a Europa estudar se estaria "tudo bem" no Timão?

O Brasil, portanto, precisa parar de pensar que é referência no futebol, deixar de utilizar as conquistas do passado como escudo e compreender por que os rivais, sejam eles clubes ou seleções, estão nos deixando cada vez mais para trás. Precisamos de menos soberba e mais humildade para continuar evoluindo dentro das quatro linhas.

Os europeus, aliás, já sentiram na pele como o comodismo cobra um alto preço a longo prazo como expliquei neste post. E estamos seguindo o mesmo caminho. O desempenho de nossos clubes nos Mundiais e de nossa Seleção em Copas tem sido uma prova cabal de que precisamos agir, ou os títulos nunca mais virão a nós.


 


Imagem extraída de www.facebook.com/fifaclubworldcup




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