sábado, 13 de fevereiro de 2021

Encrespou

Imagem extraída de www.facebook.com/ClubDefensayJus



Hernán Crespo é o novo treinador do São Paulo. O acerto do argentino com o Tricolor já havia sido antecipado por jornalistas e estava por detalhes para ser formalizado. O clube havia "segurado" o anúncio oficial provavelmente para não desestabilizar o elenco o trabalho do interino Marcos Vizolli.

Crespo ainda é novo, tanto pela idade (está com 45 anos) quanto pela experiência (é treinador há apenas sete anos e dirigiu apenas quatro times). O técnico, porém, ganhou notoriedade ao faturar a Copa Sulamericana 2020 com o modesto Defensa Y Justicia sobre o ótimo Lanús.

Seu currículo como jogador é bastante interessante. Crespo foi atacante, conquistando títulos pelo River Plate, mas foi na Itália que o ex-atleta se consagrou com passagens por Parma, Lazio, Internazionale e Milan. Também fez parte da Seleção Argentina na geração anterior à atual, tendo jogado com Zanetti, Batistuta, Ortega, Simeone e outros. Não conseguiu, porém, títulos com a equipe principal da Albiceleste. Ele era um bom futebolista mas se destacava muito mais pela raça e dedicação em campo do que pela técnica ou talento. Ele mesmo declarou em entrevistas que não possuía os recursos dos colegas mais habilidosos e, portanto, precisou desenvolver um estilo próprio para se firmar.

Seu estilo com a prancheta é, segundo jornalistas, influenciado por Marcelo "El Loco" Bielsa, que foi seu treinador na Albiceleste. Podemos esperar, portanto, algumas semelhanças com Jorge Sampaoli ou Tata Martino que também beberam da mesma fonte: esquema de três zagueiros (3-5-2 ou 3-4-3), intensidade, marcação alta, recomposição, jogo com a bola no chão e verticalidade.



Imagem extraída de www.facebook.com/ClubDefensayJus



Os desafios de Crespo no São Paulo não serão poucos a começar pela realidade financeira do clube. O Tricolor está bastante endividado o que significa que mais jogadores deverão ser vendidos (Brenner já foi negociado com o Cincinatti dos Estados Unidos), poucas contratações poderão ser realizadas e haverá pressão para que mais garotos formados em Cotia sejam aproveitados.

A gestão do elenco será outro desafio para o argentino. O antecessor, Fernando Diniz, perdeu a mão ao insultar seus próprios atletas e conceder privilégios a Daniel Alves. Crespo terá de manter o pulso firme na medida certa para não desagradar seus comandados mas também sem permitir que os jogadores questionem sua autoridade. Há ainda o problema da falta de força mental, afinal têm sido frequentes a apatia ou o abatimento em campo durante os momentos de maior pressão. 

Há, por fim, o jejum de títulos. A pressa do clube pelos troféus fez com que muitos treinadores fossem injustamente demitidos e o São Paulo desse voltas em círculos sem sair do lugar. Crespo precisará de tempo, respaldo e paciência para implementar sua metodologia, algo que seus antecessores não tiveram. Os dois anos de contrato devem oferecer alguma estabilidade ao argentino.

Crespo também terá de demonstrar no banco de reservas não ser mais um dos diversos treinadores estrangeiros contratados por modismo. Jornalistas alegam que o clube seguiu critérios técnicos para a escolha do argentino. A conferir.

Ainda não se sabe quando Crespo iniciará os trabalhos no São Paulo. A tendência é de que Vizolli termine a temporada e o argentino assuma a equipe no Campeonato Paulista, programado para março. Não será surpresa, contudo, que o novo treinador assuma imediatamente sob o risco do Tricolor não avançar diretamente à fase de grupos da Libertadores. A paciência, como se sabe, não tem sido um dos pontos fortes do clube...



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc




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