sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Mais Medalhas, Menos Medalhões

Aos 34 anos, Hulk retornou ao Brasil para defender o Atlético
Mineiro (imagem extraída de www.facebook.com/atletico)



Muitos brasileiros renomados decidem voltar ao país após anos na Europa. Alguns com o objetivo de encerrar suas carreiras em seus clubes de coração, outros porque buscam no Brasil a titularidade absoluta que não encontrariam mais no Velho Continente após os 30 anos e há os que retornam por outros motivos -Hulk, por exemplo, regressou para ficar mais próximo da família.

A contratação dos chamados medalhões sempre foi bem vista por aqui. Jogadores de renome sempre ajudavam sob muitos aspectos: os torcedores gostavam, os adversários temiam, os patrocinadores investiam para capitalizar em cima das estrelas e os jogadores ainda conseguiam fazer a diferença em nossos gramados mesmo encaminhando para o final de suas carreiras.

A situação, porém, mudou bastante durante os últimos anos. O nosso futebol está exigindo cada vez mais da parte física dos jogadores e muitos dos medalhões, já envelhecidos, sofrem para aguentar tamanha intensidade. A parte financeira também vem pesando, sobretudo com a crise gerada pela pandemia, afinal tais atletas são caros (tanto para contratar quanto para manter seu salários), os clubes e os patrocinadores não têm mais condições de investir como no passado.

A presença dos medalhões também pode se tornar um estorvo nos vestiários visto que alguns deles exigem tratamento diferenciado, salários altíssimos, titularidade absoluta, faixa de capitão, entre outros privilégios.



Miranda ficará sem contrato na metade de 2021 e já declarou que deseja
voltar ao Brasil (imagem extraída de www.facebook.com/Miranda23Oficial)



A contratação de medalhões, portanto, requer muito critério. Não se pode levar apenas o aspecto emocional e, tampouco, acreditar que tais jogadores irão exibir em campo todas as qualidades demonstradas nos gramados europeus.

O auge físico e técnico da maioria dos medalhões já se passou. Dificilmente veremos arrancadas sensacionais, dribles desconcertantes ou segurança na zaga. Isso sem mencionar que tais atletas são bastante propensos a lesões.

Isso não significa que os clubes devem ignorar um jogador apenas porque ele possui mais de trinta anos. Eles ainda podem ser muito úteis. Fábio Santos, que já citei aqui aqui no blog, está com 35 anos, não tem mais o mesmo vigor de 2012 mas ainda ajuda bastante o Corinthians com sua experiência e sua identificação com a entidade. Hernanes, quando estava com 31, foi fundamental para salvar o São Paulo do rebaixamento em 2017 e ainda foi eleito o melhor jogador da temporada. Mesmo na Europa ainda vemos o veterano Ibrahimović (também já mencionado no blog), com 39 anos, voando nos gramados da Itália. Como citado em parágrafos anteriores, avaliações baseadas em critérios racionais ao invés de emocionais diminuem as chances das contratações darem errado.

Não devemos, portanto, fechar as portas aos medalhões. Os veteranos têm todo o direito de encerrarem suas carreiras em seus respectivos times de coração e também de jogar em nossos gramados. Não podemos, porém, deixar o emocional falar mais alto que o racional e também não podemos esperar que os jogadores atuem como faziam em seu auge físico.



Há corinthianos sonhando com a contratação de André-Pierre Gignac de 35 anos.
Será que vale a pena (imagem extraída de www.facebook.com/tigresoficial)?




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