terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Hora de Dizer Tchau

Imagem extraída de www.facebook.com/cff.hns



A Croácia e o Chile jamais haviam sido considerados favoritos em competições. Ambas as seleções, no entanto, surgiram com ótimas gerações que não apenas reuniam grandes craques mas também que funcionavam coletivamente. E, claro, obtiveram ótimos desempenhos em campeonatos. São times que não dependem em demasia de individualidades e que demonstravam muito trabalho em equipe.

A atual geração chilena começou a ser montada durante o ciclo de 2010 pelo treinador Marcelo El Loco Bielsa. Sánchez, Jara, Bravo, Vidal, Isla e tantos outros estiveram na África do Sul há onze anos atrás onde, a despeito da juventude do grupo, deixaram uma boa impressão e já demonstravam o estilo que consagraria a equipe. A Roja ganhou maturidade no ciclo seguinte sob o comando de Claudio Bichi Borghi e chagaria ao ápice com Jorge Sampaoli e, posteriormente, com Pizzi com o bicampeonato da Copa América em 2015 e 2016.

A Croácia, por sua vez, começou a ser montada por Slaven Bilić para o mesmo mundial de 2010 mas os enxadrezados não conseguiram se classificar para aquela copa. A geração formada por Modrić, Raktić, Perišić, Mandžukić, Lovren e outros foi ganhando maturidade ao longo dos ciclos de 2014 e 2018 a despeito das constantes mudanças de treinadores. E chegaria a seu apogeu na Rússia ao conquistar o vice-campeonato.



Imagem extraída de www.facebook.com/SeleccionChilena



Sabe-se, porém, que o tempo passa, os jogadores envelhecem, as jogadas se tornam manjadas e as equipes precisam de sangue novo. Mas sempre é muito difícil reconhecer quando o ciclo de grandes gerações está no final, sobretudo quando trouxeram grandes alegrias para seu torcedor.

A Croácia e o Chile ainda mantém suas respectivas bases, mas precisam compreender que a era de seus craques está chegando ao final e que é necessário renovar a base. Modrić, por exemplo, já está com 35 anos (fará 36 em setembro), enquanto Vidal vive o seu auge aos 33 (completará 34 em maio).

Os indícios de que as equipes clamam por renovação estão aparecendo neste ciclo. O Chile obteve apenas um quarto lugar na última Copa América, faz uma campanha modesta nas Eliminatórias e já houve troca no comando (saiu Reinaldo Rueda e entrou Martín Lasarte). A Croácia, por sua vez, seria rebaixada na Liga das Nações 2019 mas escapou por mudanças no regulamento e, por pouco, não enfrenta outro descenso na edição seguinte.



Imagem extraída de www.facebook.com/cff.hns



A renovação, porém, não pode ser feita de forma abrupta e sem critério. Seria um grande desrespeito e uma grande ingratidão com jogadores que deram tanta alegria a seu torcedor e, principalmente, foram responsáveis por colocar suas respectivas seleções no mapa do futebol. Ademais, as equipes ainda necessitam dos veteranos em campo para transmitirem experiência aos jovens e liderar o grupo dentro das quatro linhas.

A transição de gerações deve ser realizada lentamente, tirando aos poucos o espaço dos veteranos e colocando os jovens para atuar. Algumas partidas serão perdidas no processo mas é comum haver alguma instabilidade no início. Ademais, alguns poucos destes medalhões deverão estar presentes nas próximas competições oficiais para ajudar os novatos em campo e ensiná-los a lidar com tamanha responsabilidade que é representar um país. Ou seja: Modrić, Vidal, Perišić, Sánchez e outros ainda podem jogar a Copa 2022 caso seus times se classifiquem, mas precisam ter ciência de que suas funções em campo serão bem diferentes da que estão acostumados.

Croácia e Chile nos brindaram com grandes gerações, que jogam um futebol bonito, ofensivo e agradável de se assistir. Mas o tempo destes jogadores está chegando ao final e os times precisam de sangue novo em algum momento.



Imagem extraída de www.facebook.com/SeleccionChilena

 


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