terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

O Moedor de Técnicos

Thomas Tuchel é o 15º treinador do Chelsea desde a aquisição do clube por
Roman Abramovich (imagem extraída de www.facebook.com/ChelseaFC)



Claudio Ranieri (que já estava no time antes de 2003), Mourinho (duas vezes), Avram Grant, Felipão, Ray Wilkins, Guus Hiddink (duas vezes), Carlo Ancelotti, André Villas-Boas, Roberto Di Matteo, Rafa Benítez, Steve Holland, Antonio Conte, Maurizio Sarri, Frank Lampard e agora Thomas Tuchel. Desde que o magnata russo Roman Abramovich adquiriu o Chelsea em 2003, os Blues tiveram quinze treinadores sendo alguns com duas passagens, o que resulta em quase um técnico por ano.

Os números não impressionam a nós brasileiros, afinal nossos times trocam de treinador cerca de duas vezes por ano (às vezes até mais), mas são assustadores para a realidade europeia onde só se demite técnico em casos extremos, sobretudo em equipes que lutam pelos títulos.

Quando Abramovich adquiriu o clube, seu objetivo era colocar o Chelsea na elite do futebol o quanto antes e isso seria obtido pela conquista da Champions League. Para isso, o mandatário não poupou despesas e fez questão de encher a equipe de estrelas como Drogba, Shevchenko, Ashley Cole, Fernando Torres e tantos outros. Atitude bastante semelhante a outros times pertencentes a magnatas como o Paris Saint-Germain e o Manchester City.

As inúmeras contratações -muitas delas muito mais baseadas em renome do que nas necessidades da equipe- e as constantes trocas de treinador demonstram o quanto os mandatários do Chelsea tinham pressa na realização do projeto.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChelseaFC



O tempo passou e os mandatários do Chelsea mudaram o perfil de suas contratações -agora seus dirigentes têm apostado muito mais em atletas jovens com potencial para evoluir como Kai Havertz, Hakim Ziyech, Timo Werner e Christian Pulisic. A paciência com os treinadores, contudo, permanece curta. O último a pagar o pato foi Frank Lampard, justamente um dos maiores ídolos dos Blues.

A longevidade de um treinador não oferece garantia de conquistas. Arsène Wenger, por exemplo, jamais conquistou uma Champions League em seus 22 anos de Arsenal. O próprio Chelsea, em contrapartida, ergueu sua única "Orelhuda" com o interino Roberto Di Matteo, efetivado após a demissão de André Villas-Boas na metade da temporada 2011-12.

A grande maioria dos times que venceu a Champions, porém, não o fez por acaso. Quase todos haviam apresentados projetos a longo prazo e os abraçado mesmo diante das oscilações das equipes. Jupp Heynckes, por exemplo, passou a temporada 2011-12 em branco, mas os dirigentes do Bayern acreditaram no treinador e ele conseguiu a Tríplice Coroa em 2012-13. O mesmo aconteceu com Luis Enrique em 2014-15, quando o técnico chegou a enfrentar uma crise no início de seu trabalho mas o Barcelona confiou no comandante e ele também conseguiu a Tríplice Coroa.

Demitir treinador pode ser algo considerado rotineiro no Brasil mas os efeitos são muito mais profundos do que se aparenta. Mudar o técnico significa mudar todo o planejamento. Significa que todo o elenco será afetado. Significa que o estilo de jogo será mudado. Tudo isto impede que o time possa aprender com erros, corrigí-los e evoluir a longo prazo. Coritiba, Botafogo e Goiás não por acaso ocupam as últimas colocações o Brasileirão e foram os times que mais trocaram o comando na competição. Não é o único motivo mas oferecer estabilidade aos professores sem dúvida poderia melhorar o cenário.

Os dirigentes do Chelsea, portanto, precisam compreender que a temporada 2011-12 foi uma exceção e não regra. Treinador precisa participar do planejamento do clube (incluindo as contratações e dispensas), ter estabilidade no cargo para que possa desempenhar seu trabalho e evoluir junto com a equipe.

Mudar treinador significa rasgar todo um planejamento.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChelseaFC



LEVEMENTE BASEADO EM: 

Trivela- "O que levou à demissão de Lampard no Chelsea, que deve ter Thomas Tuchel como substituto": trivela.com.br/inglaterra/premier-league/o-que-levou-a-demissao-de-lampard-no-chelsea-que-deve-ter-thomas-tuchel-como-substitutox




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