segunda-feira, 24 de maio de 2021

Aprendizado

Imagem extraída de www.facebook.com/futebolpaulista



O São Paulo volta a erguer uma taça após uma espera de nove anos desde a última conquista na polêmica Copa Sulamericana 2012 em partida que sequer terminou. O novo presidente Julio Casares estava determinado a acabar com o jejum de títulos e tratou o Campeonato Paulista como se fosse uma Copa do Mundo. A estratégia do mandatário foi bem sucedida mas isto não exime o clube de alguns questionamentos.

O São Paulo passou anos sem erguer um título oficial porque se acomodou em sua própria arrogância enquanto rivais arregaçavam as mangas, corriam para se modernizar e colheram os frutos, enquanto o Tricolor, outrora um "clube-modelo", ficava para trás na corrida pelos troféus. Não obstante, o amadorismo tomou conta do Morumbi com dirigentes mais preocupados em permanecer no cargo do que com a saúde da instituição e agindo mais por passionalidade do que racionalidade.

O Tricolor dedicou-se quase que totalmente ao irrelevante Paulistão sacrificando até mesmo a Libertadores, algo totalmente ilógico visto que ano após ano a obsessão do clube era ficar entre os seis primeiros e conquistar uma vaga para o torneio continental. Uma clara demonstração de que a pressão por um título oficial, por menos importante que fosse, prejudicava o andamento da instituição.

Os jogadores, por fim, começaram a temporada 2021 sem férias. As consequências já surgiram com três titulares -Dani Alves, Benítez e Luciano, além do reserva Éder- desfalcando o time por lesões. E mais jogadores podem pagar o preço no segundo semestre, visto que houve pouco tempo para descanso. Não fosse o rodízio no elenco promovido por Crespo, talvez o departamento médico tivesse ainda mais pacientes.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Cabe também pontuar os acertos do São Paulo apesar da irrelevância do Paulistão e o maior deles foi a contratação do treinador Hernán Crespo. O argentino, mesmo com pouca experiência no banco de reservas, justificou plenamente a confiança dos dirigentes, com seu futebol moderno, intenso e vibrante. E o mais importante: Valdanito acendeu o brio dos jogadores e acabou com a apatia no elenco, o que foi fundamental para que a equipe se impusesse mesmo diante de rivais com maior poder aquisitivo.

Não concordei com as contratações em um primeiro momento mas reconheço que o elenco se encaixou com o equilíbrio entre meninos formados na base e os veteranos se aproximando da aposentadoria. Cabe, porém, lembrar que o Campeonato Paulista e a primeira fase da Libertadores possuem poucos adversários realmente difíceis, e o real desafio para o São Paulo começa a partir da próxima semana, com o Brasileirão e os mata-matas das copas.

O São Paulo pagou pela sua arrogância e passou anos no purgatório sem troféus até encontrar sua redenção no jogo de ontem. Para o alívio de seus torcedores, não precisou passar pelo inferno da segunda divisão embora tenha flertado com o rebaixamento em 2013 e 2017.

Que o clube tenha aprendido com seus erros, tenha humildade daqui para frente e, principalmente, não se acomode com a conquista do Paulistão, afinal o futebol é um meio competitivo e relaxar diante dos rivais é abraçar o fracasso. O São Paulo está aí para provar o quanto a soberba e a acomodação podem transformar um "soberano" em um time comum.



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