sábado, 29 de maio de 2021

Bola nas Costas

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



O Chelsea é bicampeão da Europa. Os Blues faziam uma temporada frustrante onde tiveram de se contentar com o vice na FA Cup e obtiveram um suado quarto lugar na Premier League. No jogo derradeiro, porém, o clube londrino venceu a Champions sobre o rival Manchester City graças a um enorme espaço deixado às costas da zaga pelos Citizens.

O City, como sempre, propôs o jogo. Guardiola surpreendeu ao colocar o atacante Sterling no lugar de Fernandinho e recuar Gündoğan para a proteção da zaga. Os Citizens tinham mais posse de bola, adiantavam suas linhas e pressionavam. Deixavam, porém, um enorme espaço às costas da defesa que custaria muito caro.

O Chelsea, recuado, jogava nos contra-ataques. Thomas Tuchel surpreendeu ao sacar o zagueiro Christensen para a entrada do lateral direito Reece James e Azpilicueta recuava para a zaga. Não sei se o treinador teve acesso à escalação de Guardiola, mas o camisa 24 anulou Sterling e neutralizou a surpresa do City.

A sólida defesa londrina conseguiu abafar o ímpeto do City e o Chelsea conseguiu as chances mais claras de gol em contra-ataques. Os Blues abriram o placar com Kai Havertz após lançamento do goleiro Mendy, mas mereciam fazer mais gols se não fosse a falta de pontaria de Timo Werner. E ainda deram azar de perder Thiago Silva lesionado ainda no primeiro tempo.



City em 3-4-3/3-5-2 (dependendo dos posicionamentos de
Zinchenko e Sterling) pressiona mas deixa espaços às costas
da defesa. Chelsea (já sem Thiago Silva, lesionado) se defende
em 5-4-1 e contra-ataca em 3-4-3 jogando nas aberturas
deixadas pelos Citizens (imagem obtida via this11.com



O City perdeu De Bruyne após o belga chocar sua cabeça contra Rüdiger. Diante da necessidade de reverter o placar, Guardiola colocou mais atacantes além do volante Fernandinho para liberar os meuas e laterais, mas os Citizens não conseguiam transpor a defesa londrina.

O Chelsea limitou-se a trocar jogadores cansados ou amarelados para administrar a partida. A defesa conseguia frear o ímpeto rival e os atacantes tinham bastante espaço às costas para contra-atacar, apesar de não terem aproveitado tais brechas para fazer gols.

O City, desesperado, passou a lançar mão de estratégias pouco comuns para os times de Guardiola como as bolas paradas, chuveirinhos ou cruzamentos. O Chelsea, porém, levava a melhor nas divididas por ter jogadores mais fortes e mais altos.



City, em um 4-4-2 losango, vai para cima do Chelsea mas os Blues
seguram todas as investidas, seja na imposição física, seja na
técnica. Londrinos se defendem em 5-3-2/3-5-2 e tentam contra-
atacar com Havertz e Pulisic, mas a dupla também se esqueceu de
calibrar a pontaria (imagem obtida via this11.com)



Chelsea vence com méritos e ainda salva uma temporada que tinha tudo para ser frustrante. Ficou ainda uma vingança pessoal para Thomas Tuchel e Thiago Silva, ambos dispensados pelo Paris Saint-Germain: treinador e zagueiro conquistam a "orelhuda" enquanto o clube parisiense teve de se contentar em assistir a final da Champions pela TV.

City faz sua melhor participação na Champions mas têm de se contentar com o vice. A derrota não tira os méritos dos Citizens ou de Guardiola, mas fica um aprendizado para o catalão: o treinador nunca foi adepto do futebol mais físico e ele sempre foi injusto com jogadores grandes e/ou fortes como Schweinsteiger, Ibrahimović, Mandžukić, Yaya Touré, Dante e tantos outros. Há momentos, porém, em que os músculos são mais decisivos que a técnica ou o talento, sobretudo no futebol atual.

Guardiola, por fim, se vê traído pelos seus próprios ensinamentos novamente. Sua mentalidade ofensiva ofereceu os espaços para que o Chelsea pudesse contra-atacar às costas da zaga. Continuo fã do futebol-arte, mas há momentos em que é necessário abrir mão da posse de bola e "saber sofrer" em campo.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague




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