segunda-feira, 31 de maio de 2021

Atalhos

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



O Chelsea não era um clube considerado "grande" há cerca de vinte anos atrás. Os Blues eram meros coadjuvantes na Premier League e conseguiam alguns títulos domésticos esporádicos. Tudo mudou em meados de 2003 quando o magnata russo Roman Abramovich adquiriu a instituição e deu um verdadeiro banho de loja na equipe. Com um elenco estrelado, a equipe londrina passou a brigar nas cabeças e tornou-se temida pelos rivais.

Manchester City e Paris Saint-Germain, adquiridos por magnatas do Oriente Médio, seguiram o mesmo caminho e se notabilizaram pelos elencos estrelados. Ambos se tornaram temidos em suas respectivas ligas pelos títulos e também pelos jogadores midiáticos.

Os mencionados clubes, porém, geraram a discussão a respeito das diferenças entre "times grandes" e "times ricos". Havia apenas uma maneira de acabar com o debate que era vencer a Champions League. Ano após ano, os dirigentes contratavam cada vez mais estrelas com o objetivo de conquistar a "Orelhuda" mas sem êxito. O Chelsea bateu na trave em 2008 e só teria seu primeiro troféu em 2012, nove anos após Abramovich assumir os Blues. City e PSG ainda não passaram do vice.

Considerando-se o início da "Era Abramovich", o Chelsea teve, de fato, uma ascensão muito rápida com o clube conquistando sua primeira Champions em pouco menos de dez anos de investimento, mas certamente não foi como os dirigentes haviam planejado. O clube, durante o período, contratou dezenas de astros como Ballack e Shevchenko mas a dupla não teve êxito em conquistar a "Orelhuda". Houve também constantes trocas de treinador mas o resultado esperado, ironicamente, só apareceria com o interino Roberto Di Matteo, efetivado em 2012.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



O Chelsea mudou o perfil de suas contratações no decorrer dos anos, investindo menos em estrelas e apostando em jovens com potencial de crescimento como Havertz e Pulisic, mas a paciência com os treinadores permaneceu curta. O City foi pelo mesmo caminho e também passou a contratar promessas como Rúben Dias e Ferran Torres ao invés de medalhões. O Paris Saint-Germain, por sua vez, ainda prefere jogadores de renome.

A temporada 2020-21 foi a consolidação do modelo proposto por Chelsea, City e PSG, afinal os três "novos ricos" estavam juntos pela primeira vez nas semifinais da Champions League. Os Blues se sagraram vitoriosos novamente talvez por sentirem menos o peso da decisão (afinal, já haviam conquistado a taça em 2012) e também motivados pelo sentimento de revanche -a perda do troféu da Premier League diante dos próprios Citizens e também o desejo do treinador Thomas Tuchel em dar uma reposta após ser dispensado.

Os magnatas, de fato, conseguiram queimar algumas etapas e elevaram seus respectivos clubes a outro patamar em pouco tempo, mas continua evidente que tradição não se compra, se constrói. A própria caminhada do Chelsea até seu primeiro troféu demandou muitos anos e ajustes até que os frutos dos investimentos finalmente viessem. City e PSG, por enquanto, só bateram na trave, assim como havia ocorrido com os próprios Blues em 2008.

Cabe a comparação com o Palmeiras, cuja parceria com a Crefisa começou em 2015 mas a Libertadores só viria cinco temporadas depois, em 2021, após muitos erros e acertos. A agressiva administração de Rodolfo Landim no Flamengo, por sua vez, rendeu frutos já em seu primeiro ano de mandato, mas muitos jornalistas atribuem o sucesso do Rubro-Negro ao antecessor Bandeira de Melo que entregou as contas em ordem ao atual presidente. A discutir.

Chelsea, City e PSG mostraram ao futebol que os investimentos milionários podem fazer a diferença em campo, mas ainda não provaram que é possível comprar a tradição a curto prazo. Foram necessários anos de erros e acertos até que o objetivo fosse alcançado.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague




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