terça-feira, 4 de maio de 2021

Emocional X Racional

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



"Vou trazer essa vitória de qualquer jeito, nem que seja morto" -disse Neymar em vídeo divulgado pelas redes sociais do Paris Saint-Germain às vésperas da decisão contra o Manchester City, realizada hoje no Etihad Stadium.

O treinador Mauricio Pochettino pertenceu a uma geração de atletas argentinos determinados, guerreiros. O ex-zagueiro e seus companheiros lutavam em campo até o último minuto. Se não podiam ganhar na técnica ou no talento, tentavam na raça. O técnico trouxe muito dessa filosofia para os times que dirige e as palavras de Neymar, o principal jogador do PSG, deixavam isto muito evidente.

Neymar não estava blefando quando declarou tais palavras. O Paris Saint-Germain, precisando reverter uma desvantagem de 2x1 sofrida no Parc des Princes, foi para cima do City, adiantando suas linhas, marcando alto e tentando buscar o gol de todas as maneiras possíveis. A atitude foi tão corajosa quanto afobada, afinal os franceses pressionavam mas erravam muitas finalizações. E ainda sentiam falta de Mbappé, lesionado.

O City apenas administrava o jogo, com duas linhas de quatro e articulando contra-ataques, seja com subidas de Zinchenko pela esquerda, com Mahrez pela direita ou com bolas longas tentando acionar De Bruyne ou Bernardo Silva. E foi desse jeito "eficiente" que os donos da casa abriram o placar, com o argelino aproveitando jogada do ucraniano.



PSG em 4-2-3-1/4-3-3 tenta encurralar o City, mas se afoba na
tomada de decisões. Di María e Neymar trocam de lado, movimentam-
se na área e criam chances, mas sentem a falta de Mbappé nas
 conclusões.  City, em 4-4-2 articula contra-ataques com Mahrez
ou Zinchenko acionando os  "falsos noves" De Bruyne ou
Bernardo às costas da zaga (imagem obtida via this11.com)



O gol sofrido abalou o emocional do Paris Saint-Germain que passou o final do primeiro tempo e o início do segundo entregue à marcação do City. Os donos da casa preencheram todos os espaços e, pouco a pouco, encurralaram os franceses que levaram mais um gol de Mahrez.

A derrota iminente transformou o abatimento do PSG em raiva e os franceses apelaram para o anti-jogo, com muita catimba e faltas. Di María, após uma discussão com Fernandinho, acabou sendo expulso ao agredir o brasileiro fora de campo. Mais atletas dos visitantes como Verrati, Kimpembe e Danilo também exageraram nos lances e escaparam de ser expulsos. Zinchenko, que estava entrando na provocação rival, também escapou de um vermelho após se descontrolar.

O Paris Saint-Germain até ensaiou uma reação com as entradas de Kean e Draxler mas os franceses já estavam emocionalmente derrotados. Guardiola se limitou a tirar jogadores amarelados e colocar alguns atacantes para jogarem alguns minutos.



City preenche os espaços e imobiliza o abalado PSG. Aos poucos,
ingleses imprensam os visitantes e dão o golpe final com Mahrez
pela direita novamente (imagem obtida via this11.com)



City alcança a primeira final da Champions em sua história. O investimento dos magnatas, enfim, começa a dar frutos após tantos anos de frustrações desde a aquisição do clube pelo grupo em 2008. Tanto o time quanto o projeto de seus proprietários parece, finalmente, alcançar a maturidade necessária para erguer a taça.

Paris Saint-Germain vê o sonho de vencer a Champions adiado novamente. O time "emocional" de Mauricio Pochettino esbarrou na estratégia "racional" de Josep Guardiola. A ideia de "pilhar" os jogadores se voltou contra a própria equipe quando os franceses se deixaram abalar diante da situação irreversível.

No confronto entre os novos ricos, triunfou aquele que soube manter os nervos no lugar.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague




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