domingo, 9 de maio de 2021

Aula Prática de Contra-Ataque




2011. O Barcelona atravessava o auge da "geração Guardiola" com a conquista do tetracampeonato da Champions League. Eu fiquei fascinado com o futebol artístico do catalão, que pregava ofensividade, posse de bola e leveza. Para mim, o Tiki-Taka era a perfeição no esporte bretão enquanto todos os outros estilos de jogo passaram a ser "vulgares" para mim, principalmente os defensivos. Mas naquele mesmo ano eu aprendi na prática que não era bem assim.

Fui ao Interanos de 2011. Aquele evento teria um gosto especial para mim, afinal eu estava ajudando o meu orientador a lecionar aulas e encontraria vários estudantes que monitorei, a quem carinhosamente considero "meus alunos".

Também iria acompanhar meus ex-colegas de classe em um jogo de futsal entre calouros e veteranos. O time do meu ano estava praticamente completo e o entrosamento entre eles estava tão bom que não tiveram grandes dificuldades em chegar à final, que seria contra uma equipe mista de várias turmas -acredito que a maioria era de ingressantes de 2006 e de 2007.

Os adversários não tinham exatamente o mesmo entrosamento dos meus colegas mas adotaram uma estratégia muito boa de jogo: ficaram esperando meus amigos no campo de defesa, tomavam a bola e faziam contra-ataques aproveitando que a defesa estava desorganizada. Minha turma tinha mais posse de bola e criava mais chances, mas o adversário era mais "eficiente" e sabia transformar os poucos minutos com a pelota em gols. Acabaram vencendo com justiça.






Fiquei bastante chateado com o resultado do jogo, não apenas porque meus amigos foram derrotados, mas também porque vi minhas crenças desabarem na prática. O futebol ofensivo e de posse de bola havia sido derrotado por uma estratégia "eficiente" e defensiva.

O que eu assisti, contudo, serviu para amadurecer os meus conceitos a respeito do futebol. Aprendi que a posse de bola não é o único critério que define os méritos do time. Vi também como defender é tão importante quanto atacar. Não adianta nada uma equipe priorizar um único atributo, é necessário haver um equilíbrio, afinal os adversários utilizam as mais variadas estratégias e precisamos estar prontos para lidar com elas.

O tempo que fiquei afastado do blog (entre 2016 e 2020) serviu para que eu refletisse muito a respeito de filosofias de jogo. Compreendi com o volante N'Golo Kanté a importância da força física e da solidez defensiva em campo. Ao passo que a decadência momentânea de Guardiola durante o período só serviu para corroborar com minhas mudanças de opinião.

O Interanos de 2011 foi, para mim, um verdadeiro aprendizado a respeito de futebol. Compreendi que posse de bola e ofensividade não são tudo no esporte, e que defender também é importante. Tive uma verdadeira aula prática de defesa e contra-ataque.







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