sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Independência

Mauro Cezar deixou a ESPN em busca de independência
(imagem extraída de www.facebook.com/maurocezar000)



Muitos jornalistas consagrados estão migrando para o Youtube, incluindo comunicadores esportivos. Mauro Cezar, Eduardo Tironi, Arnaldo Ribeiro, Rafael Oliveira, Gustavo Hofman e tantos outros têm seus próprios canais na plataforma onde comentam partidas, realizam análises, opinam e até fazem lives (transmissões ao vivo) onde interagem com o espectador.

Alguns dos jornalistas citados, inclusive, estão deixando as emissoras ou jornais onde trabalham para se dedicar totalmente aos seus canais no Youtube. Preferem trabalhar por conta própria na plataforma a contar com a estabilidade e a infraestrutura oferecidas por um emprego formal.

Parece uma manobra arriscada à primeira vista, sobretudo no cenário atual onde a crise desencadeada pelo coronavírus afetou severamente a economia. Mesmo assim, os jornalistas se mantêm firmes em suas respectivas posturas. Então, por que abandonar um emprego formal e se arriscar a viver do Youtube, plataforma onde milhões tentam a sorte com seus canais mas poucos conseguem se firmar?

A resposta é "independência". Quando o jornalista trabalha para uma emissora ou jornal, o comunicador não pode emitir exatamente tudo o que pensa sob o risco de desagradar aos proprietários dos veículos, aos patrocinadores ou aos espectadores. Isso sem mencionar que alguns dos veículos exigem exclusividade por parte dos seus funcionários, o que os impede, inclusive, de realizarem aparições em outros meios de comunicação como o Youtube.



Vitor Sergio Rodrigues, o VSR, mantem o seu próprio canal no Youtube
há três anos (imagem extraída de www.facebook.com/CanalDoVSR)



O Youtube, por outro lado, possui regras menos rígidas: o comunicador basicamente não pode emitir mensagens de ódio, veicular notícias falsas, exibir conteúdo pornográfico e infringir direitos de imagem ou de áudio. Há, portanto, uma maior liberdade para se expressar sem correr o risco de gerar algum conflito de interesses. E o jornalista pode realizar aparições em outros meios de comunicação, inclusive em plataformas concorrentes como Facebook ou Twitch.

Os atuais sistemas de monetização oferecidos pelo Youtube compensam a instabilidade de se trabalhar na plataforma para estes jornalistas. Como os comunicadores já contam com um número apreciável de fãs (Rafael Oliveira, por exemplo, tem cerca de 129 mil inscritos e Mauro Cezar conta com 548 mil seguidores), eles geram muito engajamento o que significa muita audiência e, consequentemente, muito lucro, tanto para o site quanto para os próprios donos dos canais. Ademais, a página oferece um sistema de fidelidade onde o espectador pode pagar pequenas mensalidades para ajudar financeiramente o seu influenciador preferido. Há, ainda, a possibilidade de se conseguir patrocinadores por conta, sem depender totalmente dos recursos do portal.

Trabalhar na internet, obviamente, tem suas desvantagens. Os comunicadores ficam ainda mais expostos a insultos e notícias falsas. O impacto de tais ataques, mesmo que pouco infundados, pode ser tão profundo que poderia resultar na saída de patrocínios, diminuição da audiência e fechamento de seus canais, levando a consequente perda da fonte de renda. Há ainda a possibilidade dos perfis serem invadidos ou roubados, algo que, infelizmente, se tornou frequente no Youtube durante os últimos meses. Quando se trabalha para uma empresa, por outro lado, a instituição pode oferecer suporte ao seu funcionário, inclusive jurídico e psicológico, algo que o jornalista tem de buscar por si próprio enquanto trabalha por conta.

A decisão arriscada dos jornalistas, em princípio, tem se mostrado acertada. A fanbase cultivada pelos comunicadores durante seus anos de televisão vem acompanhando os agora influenciadores no Youtube e os ajudado se manterem na plataforma. Todos os citados nesta artigo já tem mais de dez mil seguidores cada e a audiência também vem apresentando números satisfatórios. E sem a preocupação de se gerar um conflito de interesses por mais polêmicas que sejam as suas opiniões.



Gustavo Hofman estreou seu canal no Youtube há pouco mais de
um ano (imagem extraída de www.facebook.com/hofmangustavo)



LINKS PARA OS CANAIS DOS JORNALISTAS CITADOS NESTE ARTIGO:

Arnaldo Ribeiro e Eduardo Tironi: www.youtube.com/ArnaldoeTironi/




Vitor Sergio Rodrigues (VSR): www.youtube.com/CanaldoVSR




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