Imagem extraída de www.facebook.com/CopaLibertadores |
Chegou o dia! A esperada final da Copa Libertadores da América 2020 será disputada entre Palmeiras e Santos durante a tarde de hoje no Maracanã. Será a terceira vez na história que a competição será decidida entre duas equipes brasileiras (São Paulo e Athletico decidiram em 2005 e Internacional e São Paulo realizaram a final em 2006) e a primeira em que dois times de um mesmo Estado (São Paulo, no caso) brigarão pelo troféu.
Ambas as equipes tiveram trajetórias relativamente tranquilas até aqui e chegaram à final por méritos próprios, sem lances polêmicos a seu favor ou sorte. Não há, portanto, nada que desmereça a campanha dos dois rivais paulistas.
Faremos um comparativo entre as duas equipes, apontando seus pontos fortes e seus pontos fracos para que o leitor chegue às suas próprias conclusões a respeito de quem merece o troféu. Confira!
ELENCO:
Imagem extraída de www.facebook.com/CopaLibertadores |
O Palmeiras, sob o ponto de vista individual, conta com o elenco muito superior ao do Santos, tanto no time titular quanto no banco de reservas. Sob a ótica coletiva, porém, o Peixe leva vantagem sobre o Porco. Sim, o Alvinegro, com um elenco mais curto e com limitações se comparado ao rival, conseguiu fazer frente a adversários com mais estrelas e poder aquisitivo, o que demonstra a força do conjunto.
Um outro detalhe que pode fazer a diferença é a força mental e o Santos também leva vantagem neste tipo de quesito pelo mesmo motivo: ter superado rivais tecnicamente muito superiores (Grêmio nas quartas-de-final e Boca Juniors nas semifinais) e ambos por placares convincentes. O Palmeiras, por sua vez, desmoronou diante do River Plate e quase perdeu sua vaga diante dos determinados argentinos. Abel Ferreira terá de trabalhar muito o psicológico dos jogadores para que o Verdão não tropece novamente em suas próprias pernas na final.
TREINADOR:
Abel Ferreira (esquerda), treinador do Palmeiras e Cuca (direita), técnico do Santos (montagem feita com imagens extraídas de www.facebook.com/CopaLibertadores) |
Ambos os treinadores podem ser considerados "modernos" sob o ponto de vista tático (detalhes nos próximos tópicos), sabendo alternar entre a ousadia e o pragmatismo conforme o adversário.
Cuca tem mais experiência no campeonato visto que já dirigiu várias equipes na Libertadores, além de ter um título com o Atlético Mineiro, conquistado em 2013. Abel, por outro lado, disputa sua primeira grande competição na América do Sul e ainda é bastante jovem (tem apenas 42 anos), mas traz o conhecimento do futebol europeu, algo que já fez muita diferença por aqui com Jorge Jesus diante do Flamengo.
Cuca, que era um treinador visto como passivo e bonzinho demais, mudou radicalmente de personalidade durante esta década e seu estilo de jogo refletiu tais mudanças, com equipes mais intensas e dinâmicas. O paranaense, porém, passou a se notabilizar pelo temperamento explosivo, chegando a se desentender com seus próprios atletas e a apresentar problemas cardíacos. Abel, por sua vez, é mais tranquilo, mas seu Palmeiras é igualmente moderno e letal. O português, apesar de não ser adepto do rodízio, sabe muito bem como motivar e trabalhar os jogadores, inclusive os reservas. Que o digam Gustavo Scarpa e Raphael Veiga.
Uma coincidência: ambos os treinadores assumiram suas respectivas equipes com a temporada já em andamento. Cuca chegou ao Santos em agosto de 2020 após a demissão de Jesualdo, e Abel desembarcou no Palmeiras em outubro para substituir Vanderlei Luxemburgo.
CAMPANHA E MOMENTO:
O Palmeiras chega a final com a melhor campanha geral na competição, com 9 vitórias, 2 empates e apenas uma derrota. O Santos, por sua vez, obteve 8 vitórias, 3 empates e uma derrota. Ambos, portanto, chegam à final com desempenhos semelhantes.
Nenhum dos times, porém, vive um grande momento atual. Palmeiras e Santos parecem deliberadamente ter aberto mão do Campeonato Brasileiro em prol da Libertadores. As equipes vêm apresentando apenas espasmos de bom futebol durante as últimas partidas e atuando com reservas em muitos jogos.
O Palmeiras teve uma sequência de jogos um pouco maior que a do Santos por ter chegado às finais da Copa do Brasil e isto teve reflexos no desempenho recente do Verdão, com o time apresentando visíveis sinais de cansaço durante as últimas partidas.
COMO O PALMEIRAS JOGA?
Palmeiras escalado em um 4-3-3 "teórico" (imagem obtida via www.footballuser.com) |
O estilo de Abel Ferreira tem alguns toques de Johan Cruyff, com jogadores capazes de desempenhar mais de uma função em campo, trocas de posições e dinamismo. Isso significa que, embora a equipe entre com uma formação tática, ela pode variar conforme a necessidade.
Contra o River Plate, por exemplo, o esquema foi de um 4-3-3 "teórico" para um 3-6-1 "pratico", com Marcos Rocha atuando como um terceiro zagueiro, Viña e Gabriel Menino usados como alas ou wingbacks, Scarpa e Rony voltando para compor o meio-de-campo e Luiz Adriano como centroavante de referência. Pode-se alterar o desenho tático conforme a necessidade ou a versatilidade dos atletas -a equipe chegou a mudar para 4-2-3-1, 4-4-2, 4-1-4-1, ...
A execução das jogadas é direta, sem muitos passes trocados. O futebol praticado, porém, é vistoso e agradável de se ver -possivelmente alguns resquícios deixados pelo interino Cebola.
COMO O SANTOS JOGA?
Santos escalado em 4-3-3 (imagem obtida via www.footballuser.com) |
Cuca, que era volante quando jogador, sempre privilegiou a posição como técnico. O paranaense quase sempre adotou esquemas com três meias com poder de marcação, como 4-3-3 ou 4-4-2 losango. Os atacantes eram quase todos velozes, com poder de recomposição e com a obrigação de buscar a bola na maioria das vezes.
No Santos, Cuca também prioriza a marcação no meio-de-campo mas os jogadores agora têm mais liberdade para encostar nos atacantes, até porque poucos jogadores conseguem organizar as jogadas e servir os definidores.
O Santos atua com um jogo vertical e intenso, com os jogadores avançando ou recompondo conforme a necessidade. O treinador parece ter deixado de lado o estilo "galo doido" (marcado pelo ataque desorganizado e dependente em demasia dos talentos na frente) que o consagrou no Atlético Mineiro, e o "cucabol" (com o meio-de-campo voltado apenas para a marcação e dependente dos chutões) que utilizava no Palmeiras.
QUEM PODE DECIDIR O JOGO?
Rony (esquerda) e Marinho (direita): os "caras" de Palmeiras e Santos, respectivamente (montagem realizada com imagens extraídas de www.facebook.com/Palmeiras e www.facebook.com/santosfc) |
Rony, atacante, foi do inferno ao céu na temporada 2020. O jogador acumulou falhas e virou alvo da torcida, mas se reergueu sob o comando de Abel Ferreira, tornou-se titular absoluto e recebeu elogios até mesmo da imprensa internacional. O atleta hoje é visto pela CONMEBOL como o principal futebolista palmeirense e é a esperança dos fãs pelo título.
Marinho, aos 30 anos vive o auge de sua carreira no Santos. Após fracassos no Cruzeiro e Grêmio, o alagoano hoje divide o protagonismo no Peixe com Soteldo, encanta pelo seu faro de gol e ganha admiradores pela sua autenticidade fora de campo. O atacante é a esperança do tetra pelo Alvinegro.
RETROSPECTO:
Imagem extraída de www.facebook.com/CopaLibertadores |
Palmeiras e Santos já chegaram às finais em quatro oportunidades. O Porco esteve nas decisões de 1961, 1968, 1999 e 2000; mas só levantou o caneco uma única vez, em 99. O Peixe, por sua vez, chegou lá em 1962, 1963, 2003 e 2011; tendo perdido apenas a taça no ano de 2003.
O Palmeiras, porém, leva a melhor no histórico do confronto direto: em 330 encontros, foram 138 vitórias do Verdão contra 105 do Santos e 87 empates (números obtidos pelo portal Jovem Pan).
Resta agora saber quem levará a melhor. Hoje às 17h (horário de Brasília) na SBT e na Fox Sports.
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