Estamos no primeiro final de semana após as festividades. A grande maioria dos alunos está desfrutando das férias mas alguns estudantes da Faculdade de Ciências Farmacêuticas estariam neste momento dedicando parte de seu tempo de descanso à Jornada Científica dos Acadêmicos de Farmácia-Bioquímica, uma das maiores tradições da instituição.
A Jornada Científica é um trabalho voluntário organizado pelos próprios alunos da faculdade e que ocorre geralmente durante o mês de janeiro. Os universitários visitam alguma cidade pequena onde realizam atividades de atenção farmacêutica junto à população local. São feitos exames, orientação aos populares e até gincanas educacionais junto às crianças. Fernão, Canitar e Olhos d'Água foram algumas das localidades visitadas pelos estudantes.
A Jornada Científica não ocorrerá em 2021 em virtude da pandemia, o que é realmente uma pena. Tenho parentes e amigos que residem em cidades pequenas do interior paulista e alguns deles relatam que as populações locais são bastante displicentes com relação a saúde, incluindo o coronavírus. A orientação dos colegas seria de grande valia em um momento como este, mas é sensato evitar ao máximo a disseminação da doença.
Eu, durante meus anos de universidade, jamais me interessei em participar da Jornada Científica. Já expliquei em outros posts que eu não demonstrava interessem algum em atividades extraclasses. Ademais, durante as férias eu queria manter distância da faculdade em todos os sentidos. Preferia passar janeiro em casa jogando videogame do que frequentando a USP. Sim, eu era chato mesmo e tinha uma mente bastante fechada.
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| Imagem extraída de www.facebook.com/jornadacientifica.usp |
Jamais conversei com outros alunos a respeito da Jornada Científica. Nunca perguntei exatamente como funcionava, as condições e o quão gratificante era realizar um trabalho de campo junto à população. Alguns amigos até me contaram histórias a respeito -algumas bastante divertidas- mas nunca me interessei pelos detalhes.
Apenas depois que eu me formei pude saber melhor como era a Jornada Científica. Com o advento das redes sociais, tive acesso a fotos, relatos detalhados e até algumas informações de bastidores do trabalho. Pude ver que não era algo chato como eu imaginava durante a graduação e que a atividade era muito gratificante. A ação dos alunos até chegou aos grandes portais de notícias como o G1 da Globo (não consegui encontrar os links referentes às reportagens).
Ironicamente eu adoro andar em rodovias e aprecio visitar cidades do interior paulista desde quando eu era pequeno. E, durante meu tempo na pós-graduação, o meu ex-orientador descobriu que eu tenho aptidão para ensinar o que cairia como uma luva para a Jornada Científica. Se eu tivesse participado enquanto eu era aluno, teria descoberto esse talento bem antes.
Hoje reconheço que sinto algum arrependimento por não ter participado, mas eu era uma outra pessoa durante a graduação. Eu, com aquela mente fechada, provavelmente faria o trabalho de má vontade e seria muito mais um estorvo do que uma ajuda à Jornada Científica. Admito, porém, que seria uma grande experiência e que acrescentaria muitos valores à minha vida.
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