sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Choques Culturais: Parte II

Imagem extraída de www.facebook.com/Botafogo



Terminou mal a passagem de Bruno Lage pelo futebol brasileiro. O Botafogo anunciou a demissão do treinador na última terça-feira no dia seguinte após o empate em casa contra o Goiás. O português vinha de uma sequência de sete jogos sem vitória e foi chamado de "burro" pelas arquibancadas. O acionista majoritário do clube, John Textor, teria ouvido reclamações dos atletas e optado pelo desligamento do técnico ao concluir que não havia mais clima.

Lage deixa o Glorioso na liderança do Brasileirão e com os mesmos sete pontos de vantagem para o segundo colocado quando Luís Castro se transferiu para o Al Nassr. O Botafogo será comandado interinamente pelo ex-meia Lúcio Flávio auxiliado pelo ex-zagueiro Joel Carli -a presença do argentino na comissão técnica teria sido um pedido dos próprios jogadores. O substituto do português ainda não havia sido anunciado até a publicação deste texto.

O português, segundo jornalistas, se incomodava com as comparações com o compatriota e antecessor Luís Castro. Com isso, o treinador foi mudando radicalmente o estilo de jogo, algo que não foi bem assimilado nem pela torcida e nem pelos atletas, o que fez com que os resultados minguassem e o clima no vestiário fosse se deteriorando. 

O português também era um adepto do "rodízio de jogadores" além de improvisar atletas fora de suas posições de origem, atitudes que nunca foram bem aceitas no Brasil. Não obstante, o lusitano costumava mudar as escalações de última hora -minutos antes das partidas começarem- e sem motivo aparente, o que incomodou o elenco e, consequentemente, agravasse a o clima ruim.



Imagem extraída de www.facebook.com/Botafogo



O treinador, não obstante, passou a externar seu incômodo nas entrevistas, chegando a "surtar" após uma derrota em casa para o Flamengo e também negando o óbvio de que o rendimento do time estava piorando. A demissão de Lage passou a ser uma questão de tempo em tal cenário.

Lage, acostumado aos clubes europeus, talvez acreditasse que os jogadores acatassem as mudanças e também que os dirigentes respaldassem seu trabalho. O que se observou, porém, foi mais um caso de treinador estrangeiro que não conseguiu se adaptar à realidade brasileira onde os atletas podem facilmente derrubar um técnico e os dirigentes preferem tomar partido dos futebolistas por serem "ativos" do clube.

A demissão contradiz a modernidade proposta pelos clubes-empresas de onde se esperava mais profissionalismo das partes envolvidas e que o treinador tivesse mais respaldo dos dirigentes. Foi difícil, porém, discordar da demissão de Lage diante dos argumentos apresentados com o português preferindo dar ouvidos ao próprio ego ao invés do bom senso. Os reflexos de suas decisões apareceram em campo.

O caso de Bruno Lage nada mais foi do que um novo choque cultural entre os costumes do futebol europeu com o do brasileiro. Treinadores estrangeiros sempre têm muito a acrescentar ao nosso esporte mas as equipes jamais irão em frente se as ideias do técnico não estiverem plenamente alinhadas com as do restante do grupo.



Reprodução twitter.com/Botafogo




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