sábado, 14 de outubro de 2023

Professor Tévez

Imagem extraída de www.facebook.com/Independiente



Carlos Tévez, bastante lembrado aqui no Brasil devido à sua passagem pelo Corinthians, ganhou os noticiários esportivos por um motivo bastante curioso: o ex-atacante, que hoje treina o Independiente, reclamou da baixa escolaridade de alguns de seus jogadores durante uma entrevista ao canal El Nueve. Carlitos declarou que alguns de seus atletas "não sabem nem somar e nem subtrair" e que pretende contratar um professor para ajudar os seus comandados em tal questão.

Tévez atestou, ainda, a importância dos estudos durante a mesma entrevista. Não apenas para o futebol, onde a educação auxilia na compreensão de esquemas táticos e na assinatura de contratos, mas também na vida pessoal onde o jogador precisa saber se expressar e evitar cair em armadilhas. 

Muitos jogadores possuem origem humilde e alguns deles sequer tiveram a oportunidade de frequentar a escola. Há, inclusive, os que tiveram de abandonar os estudos para trabalhar e ajudar na renda familiar. O futebol, então, acaba sendo a esperança para tais garotos se incluírem na sociedade e também conseguirem um futuro melhor longe do crime ou das drogas que tanto seduzem estes meninos.

Era comum aqui no Brasil encontrar atletas analfabetos ou semianalfabetos durante os anos 80 e 90, algo que, felizmente, vem se tornando cada vez mais raro visto que hoje os clubes têm se preocupado mais com a escolaridade de seus jogadores.



Imagem extraída de www.facebook.com/Independiente



O próprio Tévez, que também possui origem humilde como lembrou o blog Trivela, sentiu na pele as dificuldades enfrentadas por seus atletas. O argentino desde a infância aprendeu a importância dos estudos e dos esportes como um caminho para fugir da pobreza sem ter de se submeter à criminalidade.

Os estudos também são muito importantes após o fim da carreira. Não são raros os casos de ex-atletas que perderam tudo após pendurarem as chuteiras visto que a falta de escolaridade dificulta que consigam se inserir em outras profissões após a aposentadoria. E cabe mencionar que a trajetória no esporte é efêmera visto que um jogador com mais de 30 anos já é considerado "velho".

O ensino, por fim, é importante para o desenvolvimento do senso crítico, algo que ainda falta em muitos atletas que se mostram bastante alienados com os problemas fora das quatro linhas. São frequentes os jogadores que, mesmo tendo origem humilde, se mostram omissos a dramas enfrentados por eles mesmos no passado como pobreza, racismo, falta de pagamento aos seus colegas e afins. 

Ainda não se sabe como será a carreira de Tévez como treinador mas o ex-atacante já deu uma verdadeira aula a todos os esportistas ao demonstrar que o futebol não se joga apenas com os pés, mas também com a cabeça. Por mais que o o mais importante no esporte sejam a forma física e a técnica, Carlitos nos lembrou o quanto o ensino (ou a sua ausência) pode interferir na desenvoltura do atleta, dentro e fora de campo.

Tévez já começou muito bem a sua carreira no banco de reservas ao tocar em uma das maiores feridas do futebol visto que a falta de escolaridade dos atletas ainda é um problema em muitos países. Treinadores quase sempre são exaltados por seus troféus mas Carlitos demonstrou que tem muito mais a oferecer a seus atletas além de ensiná-los a fazer gols. 



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