quinta-feira, 18 de junho de 2015

Café Amargo

Imagem extraída de https://www.facebook.com/FCFSeleccionColPage/



Brasil e Colômbia foram a campo ontem em situações distintas: a Canarinho havia vencido seu jogo de estreia contra o Peru e navegava em águas mais tranquilas, como diz o jornalista Luiz Prósperi. Já os Cafeteros entraram pressionados após a surpreendente derrota diante da Venezuela e precisando derrotar um rival que não venciam há anos. Isso sem falar que a Colômbia tem o péssimo hábito de respeitar em demasia os rivais de peso, como fizeram diante do Brasil na Copa há um ano atrás.

A Colômbia, de fato, não foi muito perigosa em princípio. Seus principais jogadores, James Rodríguez e Falcao García, tiveram atuações apagadas e pouco ameaçaram o Brasil. Os Cafeteros entraram com seu habitual 4-4-2 para tirar os espaços do Brasil no meio-de-campo e tentar um contra-golpe.

Não esperavam, no entanto, um Brasil desorganizado taticamente, recuado e tão dependente de Neymar. Os brasileiros erravam passes, não conseguiam criar jogadas -nem mesmo nos habituais contra-ataques rápidos- e ainda davam espaço para os colombianos jogarem.

Tímidos a princípio, os colombianos foram "gostando do jogo" e arriscaram algumas subidas ao ataque, principalmente pela direita com Cuadrado. Enquanto James, muito marcado, pouco aparecia para jogar, Armero tratou de construir as jogadas pela esquerda. Eventuais tentativas brasileiras eram facilmente anuladas pelo volante Carlos Sánchez. O jovem zagueiro Murillo, de apenas 23 anos, também foi bem nos desarmes e ainda fez o gol da Colômbia, cabeceando uma falta cobrada por Cuadrado.



Brasil no 4-2-3-1 contra a Colômbia no 4-4-2: isolado na frente,
Neymar pouco pôde fazer em campo, além de ter sido presa
fácil para a marcação colombiana. Com espaços, Armero e
Cuadrado articulam as jogadas colombianas pelas laterais e
levam perigo ao gol de Jefferson (obtido via this11.com). 



O Brasil não melhorou depois do intervalo. Pelo contrário: piorou. A Seleção se desesperou em campo. Não conseguia organizar jogadas. A única vez em que o goleiro Ospina foi incomodado foi em um recuo mal feito por Murillo. O arqueiro do Arsenal deu um presente ao Brasil que Firmino desperdiçou.

Colômbia se limitou a defender e trocar passes. Seus dois atacantes, Teo e Falcao García, também não incomodavam Jefferson.

Dunga colocou Philippe Coutinho, Douglas Costa e Diego Tardelli em campo. O Brasil continuava inofensivo.

Neymar era só nervos em campo. Não conseguia jogar, se irritava facilmente, reclamava muito e era questão de tempo que fosse expulso de campo. E acabou sendo após o jogo ao tomar uma atitude infantil e chutar uma bola em Armero.



Sem escolha, o Brasil vai para cima, mas a falta de jogo coletivo
e de criatividade no meio-de-campo para trabalhar as jogadas
facilitava o trabalho para a marcação colombiana (obtido via
this11.com)



A derrota diante dos Cafeteros custou caro para o Brasil. A liderança do Grupo C agora está seriamente ameaçada e a Seleção perdeu Neymar, o único do time que tem jogado alguma coisa.

Penso por que nossos treinadores ainda insistem em concentrar o jogo em função de um único atleta ao invés de apostar no jogo coletivo. Espanha e Alemanha venceram as duas últimas Copas do Mundo apostando no jogo em grupo, e não em um único jogador. A derrota diante da Alemanha, aliás, já havia deixado evidente que a nossa Seleção morre sem Neymar.

Dunga agora terá seu maior desafio pela frente: terá de pensar um esquema de jogo sem seu principal craque. E a vitória diante do time reserva do México no dia 7 não serve de referência: encontraremos uma Venezuela motivada e disposta a brigar pela vaga no mata-mata.

Será que um novo 7x1 vem aí?



Imagem extraída de https://www.facebook.com/FCFSeleccionColPage/


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