sábado, 4 de novembro de 2023

Calando o Boca

Cano deixou o dele na grande final (imagem extraída de twitter.com/FluminenseFC).



O Fluminense, enfim, conquista seu primeiro título na Libertadores. Os dirigentes tricolores bancaram o treinador Fernando Diniz durante as oscilações e agora colhem os frutos. A taça, porém, veio após muito sofrimento diante de um Boca Juniors mais acostumado às grandes decisões e também com alguns erros cometidos pelo próprio time de Xerém.

O Boca Juniors (que foi o "mandante" para fins administrativos) foi a campo em 4-4-2 com o garoto Nicolás Valentini no lugar do capitão Marcos Rojo -expulso na partida contra o Palmeiras. O Fluminense, sem desfalques importantes, optou pelo esquema favorito de Diniz, o 4-2-3-1.

A estratégia do Fluminense foi óbvia: forçar as jogadas no lado esquerdo da defesa Xeneieze onde o garoto Valentini estava escalado. Para isto, Samuel Xavier, Martinelli e Arias triangularam bolas pela direita tricolor tentando acionar Cano. O Boca, inicialmente, lutou pelo empate sem esboçar reação, provavelmente confiando no goleiro Sergio Romero e seu faro para defender pênaltis.

O Tricolor, com o tempo, passou a utilizar também o seu lado esquerdo com Marcelo e Keno tentando alçar bolas para Cano. Os Xeneizes, tendo mais espaço, responderam com contra-golpes velozes com Cavani e Merentiel pelo centro mas sem muito sucesso. A tréplica do Nense veio com o time concentrando as jogadas pela direita (estratégia que Diniz havia tentado sem sucesso na Seleção Brasileira) e um cruzamento certeiro de Arias achou o camisa 14 que fuzilou Romero de fora da área. Fluminense 1x0.



Boca, em 4-4-2, se encolhe e responde com Cavani e Merentiel
pelo centro. Fluminense, em 4-2-3-1. mobiliza todo o time para
o lado direito visando forçar as jogadas sobre o garoto
Valentini (imagem obtida via this11.com).



Fluminense perde Felipe Melo lesionado logo no início da segunda etapa. Os Tricolores tentam decidir o jogo mas correm muitos riscos ao tentarem sair jogando com a defesa ou ao adiantar as linhas. O Boca, por sua vez, se vê obrigado a buscar para o jogo e tenta atacar principalmente pela direita com Advíncula.

O Flu fica durante alguns minutos com um jogador a menos -Samuel Xavier é retirado de campo para atendimento- e o Boca aproveita a vantagem numérica para adiantar suas linhas. Em uma jogada individual, Advíncula acerta um petardo pela direita sem chances para Fábio. 1x1.

Jorge Almirón troca Cavani e Barco por Benedetto e Langoni por questões físicas, alterando seu esquema para 4-3-3. Diniz responde triando Ganso, Marcelo e Martinelli por John Kennedy, Diogo Barbosa e Lima. As mudanças do treinador tricolor, porém, fazem com que o Flu perca o meio-de-campo e obriga os cariocas a tentarem o jogo mais direto, dificultando a criação de oportunidades.

A partida vai para a prorrogação e, quase no final do primeiro tempo extra, John Kennedy desempata em uma linda jogada individual, mas o camisa 9 se excede na comemoração e leva o segundo cartão amarelo. O Boca, porém, não tem tempo de aproveitar a vantagem: Fabra é expulso após agredir Nino (em lance revisado pelo VAR) durante uma confusão e a vantagem numérica dos Xeneizes vai por água abaixo. Os argentinos se desesperam e vão para cima enquanto os brasileiros conseguem segurar o placar na base dos chutões.



Boca vai pra cima com Advíncula mas é surpreendido pelo
garoto John Kennedy (imagem obtida via this11.com).



Fluminense conquista seu primeiro título na Libertadores mas com ressalvas: o Tricolor se arriscou demais após abrir vantagem quando deveria ser mais conservador em campo e Diniz foi mal nas substituições após sofrer o gol de empate visto que o Nense perdeu qualidade no passe sem Marcelo e Ganso.

Boca luta mas tem de se contentar com o vice. O time argentino até possui bons jogadores mas mostrou-se pouco a vontade quando teve de propor jogo. O treinador Jorge Almirón e seus comandados terão de aprender a jogar com a bola para não dependerem excessivamente da estratégia de empatar e contar com o goleiro Romero nos pênaltis. E a derrota poderia ter sido ainda maior para os Xeneizes visto que o árbitro Wilmar Roldán deixou de marcar uma cabeçada de Valentini em Ganso, falta passível de vermelho.

O Fluminense e Fernando Diniz, enfim, calam seus críticos e conquistam a América. O futebol "utópico" do treinador conquista dois troféus em 2023 e o técnico se sagra entre os grandes do continente Sul-Americano. Será que é possível alcançar voos mais altos? Difícil, mas o Tricolor provou que a convicção também pode decidir tantos campeonatos quanto a raça ou o talento.



Imagem extraída de twitter.com/LibertadoresBR




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