domingo, 7 de dezembro de 2014

Estilos Opostos

Imagem extraída do Facebook oficial do Arsenal- https://www.facebook.com/Arsenal/



Adquiri na última segunda-feira um exemplar do livro Os Números do Jogo, de Chris Anderson e David Sally, publicado pela Paralela. Os autores, dois economistas, mostram como a estatística revela dados surpreendentes a respeito do futebol e ainda provam como muitas crenças a respeito do esporte estão erradas. Ainda não terminei de ler o livro, mas tem sido uma experiência, no mínimo, surpreendente.

Dois capítulos me chamaram a atenção. Um deles mostra como a posse de bola (que os autores chamam de "controle sobre a bola") permitem que as equipes tenham o controle sobre as partidas e, com isso, tenham mais facilidade de chegar às vitórias. É o estilo praticado por Barcelona, Borussia Dortmund, Arsenal e a Seleção Espanhola.

O outro capítulo mostra o extremo oposto. Menciona equipes que têm menos de 20% da posse de bola, possuem jogadores grandalhões porém pouco habilidosos e que depende em demasia de bola parada ou ligações diretas para sobreviver nos campeonatos. E o exemplo mencionado pela obra é justamente o Stoke City, que enfrentou o Arsenal no último sábado.



Imagem extraída do Facebook oficial do Arsenal- https://www.facebook.com/Arsenal/



O Stoke poderia ser tranquilamente chamado de "Stroke ('derrame') City", afinal os Potters sempre causam grandes emoções e sempre estressam o seu torcedor, dada as suas campanhas muito mais por sobrevivência do que pela luta por títulos. A equipe, como o próprio livro menciona, conta com muitos atletas grandalhões, lentos e pouco habilidosos. Para o Stoke, ficar com a bola não é o estilo apropriado de jogo e seus treinadores preferem lançar mão do jogo aéreo, o estilo que mais se adequa aos atletas do time. A obra menciona, ainda, que uma das jogadas preferidas dos Potters é cobrar laterais em direção à meta adversária na esperança de que um dos grandões faça o arremate para o gol.

A partida terminou com vitória do Stoke por 3x2. O grandão Peter Crouch, de 2,01m, anotou o primeiro gol dos Potters. Crouch, aliás, é o atleta com o perfil típico do Stoke, sendo muito grande e desengonçado. O time da casa chegou a abrir 3x0 ainda na primeira etapa, mas os Gunners conseguiram diminuir para 3x2 após o intervalo e poderiam ter chegado ao empate ou à virada.

Quem me acompanha aqui pelo blog sabe que eu aprecio muito mais o estilo do Arsenal. Eu aprecio as equipes que jogam com a bola no chão e privilegiam o aspecto coletivo. Por outro lado, há muitos times que adotam o estilo do Stoke aqui no Brasil, com times muito dependentes dos chuveirinhos e da bola parada. Prefiro sempre que as equipes tenham a bola e tentem fazer seus gols sem depender em demasia das faltas ou escanteios.

O Stoke, por outro lado, me fez lembrar das palavras de um amigo, que criticava os treinadores por trazerem seus vícios e convicções às equipes ao invés de criarem um estilo de jogo compatível com os atletas que possuem no elenco. Aqui mesmo no Brasil, a primeira coisa que um técnico novo faz é pedir a contratação de seus jogadores de confiança e tentar implantar seu estilo de jogo ao invés de se adaptar ao que o time está acostumado. As mudanças, obviamente, nem sempre são bem-sucedidas e isto contribui para as constantes mudanças de treinadores no Brasil, uma vez que sempre queremos resultados a curto prazo. Não temos paciência para fazermos investimentos.

O Stoke City não é um exemplo de futebol bonito, mas serve como modelo para que os treinadores aprendam a ser flexíveis com os jogadores que possuem. Muitos talentos são perdidos devido à rigidez dos técnicos, que tentam implantar seus estilos de jogo na marra ao invés de tentarem criar um ambiente favorável aos atletas que possuem.



Imagem extraída do Facebook oficial do Stoke City- https://www.facebook.com/stokecity/

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