quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O Dilema de Mari

Imagem extraída de https://www.facebook.com/MariVolei/



A ponteira Mari (foto) voltou a defender as cores do Molico Nestlé na temporada 2014-15. Ela já teve uma passagem entre 2000 e 2006, quando o time se chamava BCN/Osasco e depois Finasa/Osasco. A medalhista olímpica, por enquanto, não é titular absoluta em seu clube atual e vem disputando posição com Samara.

Mari, às vésperas das Olimpíadas, vive um grande dilema. A atleta se desentendeu com o treinador José Roberto Guimarães em 2012, quando o técnico cortou a ponteira dos jogos de Londres. Como o comandante permanece no cargo, o retorno da jogadora à Seleção Brasileira é muito improvável.

A jogadora, então, cogitou defender a Seleção Alemã. Mari possui ascendência alemã. As regras da Federação Internacional de Voleibol (FIVB) permitem a uma atleta representar um outro país desde que a jogadora possua nacionalidade local e fique algum tempo sem atuar pela seleção que defendia. Mari não joga pelo Brasil desde 2012.

A justificativa da ponteira é justamente a possibilidade de jogar as Olimpíadas mais uma vez. Mari esteve presente no time que faturou o primeiro ouro olímpico nos jogos de Pequim em 2008. O fato das próximas Olimpíadas serem no Brasil encoraja ainda mais a jogadora a mudar de seleção. Obviamente, a Alemanha precisaria se classificar primeiro aos jogos de 2016 para que, então, a atleta possa realizar seu objetivo.



Imagem extraída de https://www.facebook.com/MariVolei/



Compreendo os sentimentos de Mari. É muito frustrante não ter o direito de defender a seleção de seu país justamente no momento em que as Olimpíadas serão realizadas em casa. Mari fez muito pelo nosso vôlei. Graças a ela, nós ganhamos o ouro em Pequim 2008 e quatro Grand Prixies -2004, 2006, 2008 e 2009. Isso sem falar nos títulos "menores" pela nossa Seleção e nos clubes que ela defendeu ao longo da carreira. Eu concordo que ela merecia ser mais valorizada pelos seus feitos e deveria ser lembrada na Seleção.

O treinador Zé Roberto, na época do corte, se justificou afirmando que a atleta não "havia sido a jogadora que precisavam". A atleta se disse "injustiçada" na época.

Por outro lado, o fato de uma brasileira defender uma outra seleção nunca é bem visto pelo torcedor. Basta ver o caso de Diego Costa, que defendeu a Seleção Espanhola foi duramente hostilizado durante a última Copa do Mundo. Caso Mari siga o mesmo caminho, é provável que ela acabe seja considerada a vilã da história, ainda que ela tenha seus motivos.

Ademais, tanto atleta como treinador jamais deveriam ter chegado a esse ponto. A delegação comporta um número limitado de atletas e o técnico precisa ser rigoroso em seus critérios para montar um time. Muita injustiça acaba sendo cometida no processo e isso, infelizmente, faz parte do esporte. No futebol mesmo, dezenas de craques jamais tiveram o direito de defender a nossa Seleção em uma Copa do Mundo, como Alex e Evair.

Mari e Zé Roberto, portanto deveriam se reconciliar. A atleta deveria entender o motivo do corte como parte do trabalho e o treinador deveria compreender a frustração da jogadora. Eu, no entanto, acredito que isso dificilmente acontecerá. Já se passaram dois anos após o incidente, não há sinais de reaproximação entre as duas partes e Mari parece determinada a defender outra seleção.

Que Mari tenha sucesso em sua escolha, independente de qual for. O vôlei brasileiro será eternamente grato por tudo o que fez pela modalidade.



Imagem extraída de https://www.facebook.com/MariVolei/



Leia mais:

Lance- Mari cogita defender a Alemanha nos Jogos Olímpicos do Rio-2016: http://www.lancenet.com.br/minuto/Mari-Alemanha-Jogos-Olimpicos-Rio-2016_0_1241275908.html

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