quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Sócrates, o Verdadeiro Corinthiano

Imagem extraída do Facebook oficial de Raí- https://www.facebook.com/rai10oficial/



Nos últimos anos, ser corinthiano tornou-se sinônimo de ser mais raça do que técnica, mesmo que isso signifique ser violento em campo ou praticar um futebol feio.

Como torcedor são-paulino, fica difícil para eu definir um time rival, mas eu discordo plenamente das afirmações acima, que ganharam vazão com a vinda daqueles treinadores que enchem o time de volantes e fazem a equipe jogar por uma bola. Isso, para mim, não é o Corinthians.

Ser Corinthians, para mim, é ter proximidade com o povo. O Timão foi fundado no início do Século XX por operários, pessoas de origem humilde que vendiam força de trabalho em troca de recursos para comer e sobreviver. Desde seus tempos de fundação, o Coringão já apresentava proximidade com as classes mais baixas.

Ser corinthiano, para mim, é ser rebelde, irreverente, contrariar as tendências. Os demais clubes sempre se vangloriam de suas grandes conquistas, enquanto o Corinthians viveu um grande jejum de títulos sem, contudo, jamais perder a simpatia dos seus torcedores. Os troféus, que deveriam ser a razão de existir dos clubes, não são vistos com a mesma importância pelo Timão. Seu título mais importante é justamente aquele que marcou o fim daquele jejum, em 1977. Um Campeonato Paulista, que não possui a relevância de um título nacional ou continental, mas significou algo muito maior para o clube.

Um atleta corinthiano, para mim, esbanja talento, técnica, empenho. O Timão já formou grandes craques como Casagrande e Rivelino -apenas para citar os dois maiores talentos já formados no clube. Tais qualidades ficaram encobertas pelos treinadores que apostam no futebol de resultados e enchem os times de volantes brucutus ao invés de apostarem no talento e na ofensividade. O Corinthians ainda forma muitos garotos que sabem tratar bem uma bola. Éverton Ribeiro, eleito craque do Brasileirão 2013 e 2014, é uma cria do "Terrão". Ele deixou o clube pela porta dos fundos, mas é um exemplo de jogador que se profissionalizou muito mais pelo talento do que pelo porte físico ou pela influência de empresários.

Houve, em todos esses tempos, um atleta que reuniu todas as características que aqui mencionei. Ninguém menos que o saudoso Doutor Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. Ele não foi formado nas bases corinthianas, mas reuniu em si tudo aquilo que significa ser Corinthians.

Sócrates era talentoso com a bola. Era rebelde, inteligente, politizado e contestou até mesmo a Ditadura Militar. Era próximo ao povo, chegando a participar de manifestações populares em busca de democracia. Era, acima de tudo, único por conciliar a medicina e o futebol, embora ambas as carreiras requeiram dedicação integral do praticante. O Doutor era tão rebelde que pôde seguir ambos os caminhos simultaneamente por mais árduos que fossem. Sócrates também conquistou pouquíssimos títulos em sua carreira, mas ninguém jamais contestou seu talento, inteligência ou importância para o futebol, a despeito dos poucos troféus conquistados.

Não houve, para mim, atleta mais corinthiano do que Sócrates. Ele era o próprio Corinthians personificado em um ser humano.

Existiram Neto, Marcelinho Carioca, Tévez, Ronaldo, Guerrero. Nenhum deles, contudo, captou tanto a essência do Corinthians do que o saudoso Doutor Sócrates.



Imagem extraída do Facebook oficial de Raí- https://www.facebook.com/rai10oficial/

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