domingo, 27 de junho de 2021

A Batalha de Sevilha

Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020



Bélgica e Portugal protagonizaram o confronto mais disputado desta Eurocopa até o momento. Foi um jogo muito brigado em todos os sentidos, incluindo lances ríspidos, provocações e até princípios de briga.

Roberto Martínez entrou com força total na partida, incluindo Eden Hazard e Kevin de Bruyne que haviam sido poupados durante as rodadas iniciais. A força do adversário e a importância do confronto demandavam o talento dos craques.

Fernando Santos, surpreendentemente, optou pelo ataque ao sacar os volantes Danilo e William Carvalho para as entradas de Moutinho e Sanches. O treinador provavelmente queria adiantar as linhas e tirar proveito da insegura zaga belga.

As Quinas, em 4-3-3, tomaram a iniciativa e adiantaram suas linhas em busca do gol. Os Diables Rouges, em 3-5-2, contra-atacavam com De Bruyne tentando acionar Eden Hazard ou Lukaku, mas o trio era sempre muito bem vigiado pela zaga lusitana.

Portugal criou mais chances de gol, incluindo uma bela cobrança de falta de Cristiano Ronaldo. A Bélgica passou a utilizar mais os laterais Meunier e Thorgan Hazard que eram pouco vigiados e não eram alcançados pela linha de quatro zagueiros portugueses. Não por acaso, o camisa 16 anotou o único gol da partida com um chutaço de fora da área e estando totalmente livre de marcação.



Portugal, em 4-3-3, adianta suas linhas e prensa a Bélgica mas peca
nas finalizações. Diables Rouges, em 3-5-2, tentam responder com
De Bruyne acionando Lukaku e Eden Hazard, mas o trio é sempre
bem marcado pelas Quinas. Meunier e Thorgan Hazard, porém,
conseguem encontrar brechas na zaga portuguesa e resolvem para os
belgas (imagem obtida via this11.com).



Bélgica começa o segundo tempo perdendo Kevin de Bruyne por lesão. Minutos depois, foi Eden Hazard quem pediu substituição. Com isso, os Diables Rouges perdem força ofensiva e abdicam de atacar, mantendo todo o time recuado e contra-atacando apenas com Lukaku. Eventualmente, Carrasco e Mertens faziam companhia ao camisa 9.

Portugal se colocou totalmente no ataque. Faltou, porém, tranquilidade às Quinas que se deixaram levar pela urgência do resultado e passaram a atacar como desesperados ao invés de trabalhar as jogadas. Ademais, os portugueses passaram a cometer muitas faltas e alguns passaram a discutir rispidamente.

A desorganizada zaga belga dava muitos espaços aos portugueses mas as Quinas desperdiçavam chances por pura ansiedade. Os Diables Rouges apenas davam chutões em direção a Lukaku muito mais com o intuito de se livrar da bola do que tentar o segundo gol.



 
Portugal, em 4-4-2, vai para o "tudo ou nada". Consegue se infiltrar
na fraca zaga belga mas perde gols por puro nervosismo. Bélgica,
em 3-4-3/3-6-1, apenas dá chutões em direção a Lukaku.
Eventualmente, Carrasco e Mertens articulam algum contra-
ataque (imagem obtida via this11.com).



Bélgica vence mas suas fraquezas ficaram mais do que evidentes: a zaga é muito insegura e há poucas opções no banco de reservas. Fica ainda o questionamento quanto ao futuro dos Diables Rouges, afinal alguns de seus craques já estão com 30 anos ou mais e o treinador não sinaliza com alguma renovação. A longo prazo, os belgas podem ter o mesmo problema enfrentado por Espanha e Croácia quando a atual geração não mais puder jogar.

Portugal perde muito mais pelo nervosismo do que pela superioridade do rival. O treinador Fernando Santos e o capitão Cristiano Ronaldo deveriam tomar as rédeas do time e acalmar os companheiros. A confusão em campo só estava favorecendo os belgas, que gastavam o tempo o máximo que pudessem. Como escreveu o jornalista Luiz Antônio Prósperi, futebol também é jogo de força mental.

A "Batalha de Sevilha" não foi vencida exatamente por quem jogou mais, e sim quem soube controlar melhor os próprios nervos durante o momento de maior tensão.



Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020




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