segunda-feira, 28 de junho de 2021

Blasé

Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020



O termo blasé (que remete a "indiferença" ou "arrogância" e que, coincidentemente, tem origem francesa) se aplicaria perfeitamente à França nesta Eurocopa. Os Bleus sempre pareciam se poupar em campo como se a vitória viesse naturalmente. Mas esta postura custou muito caro na partida de hoje.

Didier Deschamps, com desfalques na lateral esquerda, entrou em campo com um 3-4-3/3-5-2 com três zagueiros, o volante Rabiot atuando na ala esquerda e o atacante Griezmann voltando para preencher o meio-de-campo. A Suíça também foi a campo em 3-4-3.

A estratégia da Suíça foi explorar o ponto fraco da França: forçar os Bleus a propor o jogo. Os franceses estavam visivelmente incomodados com a posse da bola, tanto que pouco produziram durante o primeiro tempo a despeito de possuírem uma equipe individualmente superior à da Svizzera.

Os franceses também não se sentiam à vontade no 3-4-3, tanto que os laterais deram muitos espaços às suas costas e a zaga pareceu confusa em muitos momentos. Em uma dessas brechas, o lateral Zuber achou Seferović na área para abrir o placar para a Suíça.



Os dois times em 3-4-3. França não se sente à vontade com a posse
da bola ou com o esquema novo e não se encontra nem na defesa e
nem no ataque. Melhor para a Suíça que pega a defesa francesa
desarrumada e encontra espaços às costas dos laterais franceses,
principalmente com Zuber pela esquerda (imagem obtida via this11.com).



A Suíça perdeu um gol feito com Embolo e ainda perde um pênalti com Rodríguez na sequência. Os dois erros desestabilizam totalmente a Svizzera. Melhor para os franceses que aproveitam a pane adversária para virar o jogo com dois gols seguidos de Benzema. 2x1 para os Bleus. Pogba ainda faria 3x1 para a França em um belo chute de fora da área.

A Suíça, sem outra saída, vai para cima dos franceses com vários atacantes. A França diminui o ritmo naturalmente, mas os jogadores passam a apresentar uma postura totalmente displicente em campo, cedendo muitos espaços e contra-ataques perigosos à Svizzera.

A persistência dos suíços é recompensada com mais um gol de Seferović e outro de Gavranović. 3x3. A França sente o empate e tenta o quarto gol, mas os Bleus se afobam na tomada das decisões e erram demais no ataque. O empate persiste até que a prorrogação e os pênaltis são inevitáveis.

Quase nenhum dos batedores erra suas cobranças até que Mbappé é incumbido de chutar a última bola da série normal. O goleiro Yann Sommer pega o chute do atacante francês e elimina os Bleus. A Suíça está nas quartas-de-final da Eurocopa pela primeira vez.



Os dois times em 4-4-2. França consegue virar o jogo mas deixa
muitos espaços na zaga que Seferović e Gavranović aproveitam
para buscar a igualdade (imagem obtida via this11.com).



Suíça vê sua persistência ser recompensada e faz história na Eurocopa. França mostra que seus talentos fazem a diferença de fato, mas paga por sua postura displicente em campo e é eliminada por subestimar um rival.

A Eurocopa tem mostrado que os times nunca devem ser subestimados por mais limitados que sejam seus elencos. As eliminadas Áustria e Croácia deixaram a competição lutando até seus limites, enquanto a "azarona" República Checa mandou a Holanda mais cedo para casa.

A postura blasé da França já vinha sendo alvo de críticas por parte de muitos jornalistas brasileiros e a eliminação de hoje foi um duro castigo aos atuais campeões mundiais. Que Didier Deschamps e seus comandados utilizem a queda como aprendizado, e aprendam a ter mais humildade e resiliência em campo.



Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020




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