sexta-feira, 4 de junho de 2021

A Copa da Discórdia

Imagem extraída de www.facebook.com/CopaAmerica



A Colômbia recusou a Copa América após a onda de protestos que explodiu no país contra as reformas tributárias propostas pelos governantes -aliás, algumas dessas manifestações ocorreram durante partidas válidas pela Libertadores e jogadores foram atingidos por gás de pimenta. Meses depois, a Argentina desistiu de sediar a competição diante do aumento de casos de COVID-19 em seu território.

O Brasil ofereceu-se para sediar a competição e a proposta foi quase que prontamente aceita pela CONMEBOL. A medida, porém, gerou rejeição por parte dos próprios brasileiros, afinal os casos de COVID-19 no país permanecem em números alarmantes e também há algumas manifestações contra os governantes. Há ainda os choques com os campeonatos locais que dificilmente serão interrompidos e os problemas de infra-estrutura, em especial os hospitais para atender jogadores. A organização alega que realizará as partidas em Estados cujos times não estejam disputando a Série A para minimizar tais conflitos.

Cabe a comparação com os Jogos Olímpicos no Japão, cuja realização está em risco por pressão dos próprios japoneses -o número de casos de COVID-19 também vem aumentando na região e há o temor de que o trânsito de pessoas gerado pelo evento cause a propagação de novas variedades do vírus.

A própria Copa América já fora adiada uma vez em decorrência da pandemia -seria realizada por volta de junho de 2020 mas foi postergada para 2021. A COMENBOL, porém, está determinada a enfrentar até mesmo o vírus e as manifestações. Para tanto, havia esticado a corda o quanto pôde com a Colômbia a e a Argentina.



Imagem extraída de www.facebook.com/CBF



A forçada de barra da CONMEBOL nos faz retomar a discussão: o futebol é realmente um serviço considerado essencial? Justifica enfrentar a pandemia e protestos apenas para a realização de partidas? Não são ratos os casos de jogadores infectados a despeito de todos os protocolos de segurança adotados, mesmo na Europa. Quanto a eventuais protestos, os jogos da Libertadores disputados na Colômbia evidenciaram que as vidas dos atletas também podem estar em risco.

Argumenta-se que o futebol serviria para acalmar a população, tanto em relação a protestos quanto em relação à pandemia -incidentes como violência doméstica têm aumentado durante a quarentena. Oferecer algum entretenimento, portanto, ajudaria a diminuir eventuais animosidades.

Gosto de futebol e tenho um enorme prazer em escrever a respeito do assunto, mas é sempre necessário avaliar todos os aspectos -positivos e negativos- de um evento do porte da Copa América antes de sua realização. Aliás, tudo sempre deve ser analisado sob um ponto de vista crítico e racional.

É sempre uma grande honra para um país sediar um evento como a Copa América. Praticamente toda a população brasileira teria um enorme orgulho em abraçar a realização do campeonato, mas isto apenas em condições normais e estamos vivendo um momento excepcional. O timing, portanto, não foi o ideal e, considerando-se todos os prós e contras, seria realmente melhor que o Brasil partilhasse da mesma decisão de Argentina e Colômbia neste instante.



Imagem extraída de www.facebook.com/CBF

  


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