A Farra da Tragédia

Imagem extraída de https://www.facebook.com/DFBTeam/

Vocês repararam como a grande maioria dos meios de comunicação exagera no sensacionalismo e tenta fazer com que um fato aparente ser muito mais trágico do que realmente é? A grande maioria das matérias publicadas por veículos de comunicação apenas exalta o lado ruim dos fatos. Da mesma forma, vejo noticiários e revistas afirmando que nosso país está em uma crise sem precedentes, que a criminalidade está assolando o Brasil, que todos os órgãos públicos são ineficientes, e por aí vai.

É óbvio que nosso país não é aquela maravilha, mas as tais "crises" que os meios de comunicação insistem em afirmar que existem são sempre bem menor do que realmente são. Grande parte não passa de sensacionalismo barato de mídia. E o motivo para tamanho alarde é óbvio: a busca pelo lucro a qualquer custo. Boas notícias não rendem audiência nem vendem revistas. As tragédias sensacionalistas sempre chamam mais atenção. E o brasileiro parece apreciar as notícias ruins em detrimento às boas.

As notícias sobre esporte não parecem ser diferentes. Há matérias afirmando a existência de "crises" em todos os clubes, inclusive nos que ocupam as primeiras posições. Um empate após uma sequencia de cinco vitórias é "crise". Um gol sofrido após dez partidas sem o goleiro ser vazado é "crise". Atacante que passa por jejum de gols é "crise". Imaginem então como são vistos clubes que estão endividados até o teto, com atrasos de salários e que trocam de treinador a cada jogo disputado.

É óbvio que os clubes brasileiros, em sua maioria, não são nenhum exemplo de administração. Vários dos dirigentes coloca os interesses pessoais e políticos acima do bem-estar do clube. Muitos treinadores, pressionados por resultados a curto prazo, jogam muito mais para não perderem do que para buscarem uma vitória. E os jogadores, em sua maioria mal-assessorados e mal-formados nas categorias de base, fazem cera demais e gols de menos. Mas, a despeito desse cenário, nem todos os clubes estão ruins como parece.

A "tragédia" é sempre desmascarada com uma análise feita com racionalidade, e não com passionalidade. O Cruzeiro, por exemplo, ficou dois jogos sem vencer contra rivais fracos, mas alguns torcedores um pouco mais comedidos afirmaram que erros de arbitragem prejudicaram a Raposa nestas partidas. O Corinthians acabou de perder o volante Petros por 180 dias, mas ele está longe de ser considerado um jogador "insubstituível" e uma simples mudança no meio-de-campo resolve o problema. Não havia, portanto, motivo para desespero em nenhuma dessas situações.

Algumas das "tragédias", contudo, são de fato verdadeiras. O 7x1 que o Brasil levou da Alemanha no último mundial mostra como o nosso futebol parou no tempo ou, na pior das hipóteses, regrediu. Nenhum time perde por um placar tão elástico sem motivo. Havia e ainda há um problemas em nosso futebol, e não apenas na Seleção.

Como descobrir se a matéria diz a verdade ou se estão apenas exagerando? Avalie sempre os dois lados da história. Antes de dizer que o jogador é grosso, que o treinador é burro e que o dirigente é omisso, leia e ouça o que eles têm a dizer em suas defesas. Não se limite apenas em ler o que afirma aquela manchete sensacionalista. Dê voz aos "acusados", por mais difícil que isso seja. Acima de tudo, crie espírito crítico com relação ao que você lê a ao que você ouve.

A "tragédia" só existe para quem acredita. Para os que têm criticismo, percebem que nem tudo é tão ruim quanto parece. Para os que não têm, acabam entrando na "farra da tragédia" da imprensa sensacionalista que lucra com uma desgraça que não existe de verdade.