segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Para Pensar

Imagem extraída do site oficial da FIVB- http://www.fivb.org/



As seleções de vôlei brasileiras são formadas quase que exclusivamente por atletas que atuam nos campeonatos nacionais, as Superligas de Vôlei Masculina e Feminina. Poucos jogadores e jogadoras precisam ir ao exterior para se aprimorar. Bem diferente do futebol, onde raramente um atleta encontra a oportunidade de evoluir no cenário nacional, sendo necessário recorrer aos clubes europeus para que tenham a chance de crescerem ainda mais. Não à toa, a Seleção Brasileira de Futebol é formada praticamente por atletas de clubes europeus.

As duas Superligas estão entre os melhores campeonatos de vôlei do mundo, sem exageros. Trata-se de dois campeonatos equilibrados, disputados e emocionantes. Isso vem chamando a atenção de atletas do mundo inteiro que vêm ao Brasil aprimorar suas habilidades com nossa escola. Cubanos, sérvios, canadenses, tchecos, argentinos e norte-americanos vêm ao nosso país para conhecer o nosso vôlei. No futebol, o nível técnico quase sempre é baixo.

Os campeonatos de vôlei brasileiro possuem calendário extremamente organizados, respeitando as competições internacionais e também as convocações para as seleções, algo que está muito longe de acontecer com o futebol, que marca jogos nas chamadas "datas FIFA" e impede um time de disputar a Copa do Brasil paralelamente às competições sul-americanas.

Ainda assim, os salários e premiações do vôlei são totalmente inferiores ao do futebol. Para se ter uma ideia, a Seleção Feminina de Vôlei recebeu o equivalente a US$ 1 milhão pela primeira colocação. Parece muito, mas nem se compara aos US$ 35 milhões que a Alemanha recebeu pelo tetra na Copa do Mundo. Se há essa discrepância na premiação de seleções, imaginem como é com os clubes.

O nosso vôlei, além disso, sofreu muitas baixas com clubes que tiveram de fechar as portas devido à saída de patrocinadores. Nos últimos anos, clubes como Cimed, Sky/Pinheiros, Vôlei Futuro e Vôlei Amil fecharam as portas. Finasa/Osasco (atual Molico Nestlé) e Medley/Campinas (atual Vôlei Brasil Kirin) se salvaram por muito pouco. Há ainda o RJ Vôlei (ex-RJX Vôlei), cujo futuro ainda é incerto. No futebol, por outro lado, há clubes com dívidas gigantescas e salários atrasados, mas que não aparentam sofrer com nenhum tipo de crise. É como se tratasse de um assunto "banal".

A despeito de tudo isso, nosso vôlei trouxe, nos últimos dez anos, três medalhas de ouro olímpicas (um masculino e outro feminino), dois mundiais (ambos masculinos), cinco Copas dos Campeões (três masculinos e dois femininos) e vários títulos na Liga Mundial e Grand Prix. A Seleção Brasileira de Futebol, por outro lado, conquistou duas Copas América, três Copas das Confederações, sentou em cima dos títulos mencionados e fez feio nas três últimas Copas do Mundo. Se pararmos para pensar, o vôlei conquistou muito mais taças do que o futebol nos últimos dez anos. Para os que gostam de falar em "estatística" e "produtividade", aí estão bons argumentos em favor do vôlei.

Não desejo, apesar de tudo o que foi exposto, que recursos destinados ao futebol sejam transferidos para o vôlei. As modalidades não devem concorrer entre si por verba e espaço na mídia em hipótese alguma.

O que deve haver, no entanto, é mais reconhecimento para o vôlei. A modalidade forma grandes atletas, conta com grandes campeonatos nacionais e conquista muitos títulos. Por que, então, o vôlei não recebe a mesma atenção do futebol aqui no Brasil a despeito de tudo o que conquista?

Nós estamos falando de vôlei, modalidade esportiva que apresenta "produtividade". Imaginem, então, as categorias cujos atletas dificilmente conseguem medalhas e precisam implorar para que algum patrocinador se sensibilize com a situação do esportista para terem uma chance de representar nosso país. E vamos sediar uma olimpíada daqui a dois anos.

Isto é realmente algo para se pensar.



Imagem extraída de https://www.facebook.com/fifaworldcup/

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