terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Frustração

Imagem extraída de http://www.facebook.com/SCInternacional.Oficial

Nunca fui fã da maneira como Dunga dirige seus times com mais raça e força do que técnica ou talento, mas reconheço que ele teve méritos nas conquistas da Copa América em 2007 e da Copa das Confederações em 2009. A maior parte do torcedor, no entanto, não concordou comigo e chamou o treinador de "burro" após a eliminação para a Holanda em 2010. O mesmo aconteceu em 2009 com Muricy Ramalho quando ele foi chutado sem dó nem piedade do meu São Paulo sob os gritos de "burro" apesar de ter conquistado três Campeonatos Brasileiros seguidos. E o que dizer de Tite que conquistou a primeira Libertadores da história do Corinthians mas ninguém se lembrou disso quando o Timão enfrentou aquela sequência de jogos sem vitória.

Nós brasileiros, infelizmente, não sabemos perder. Melhor dizendo, não sabemos lidar com a frustração. Não somos como alguns orientais que cometem suicídio diante de uma derrota (o que é visto como uma maneira de "salvar a honra" na cultura de alguns países asiáticos), mas sempre que algo não corresponde às nossas expectativas, sempre iniciamos um ritual de "caça às bruxas" para encontrar um culpado para aquela decepção. Quando um projeto empresarial não dá certo, por exemplo, é muito comum jogar a culpa em algum subalterno ao invés do responsável assumir a responsabilidade. Quando um relacionamento não vai bem, sempre joga-se a culpa no parceiro (a) ou nos relativos dele (a). Geralmente, a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco aqui no Brasil e raramente o verdadeiro culpado por um erro o assume. Por que será, hein?

O lado mais fraco no futebol é sempre o treinador, afinal para os clubes nunca é vantagem demitir um atleta, sob o risco de desvalorizar o valor de seu passe para uma transação futura. E um dirigente, obviamente, jamais vai assumir a culpa mesmo em um momento de crise sob o risco de perder poder e prestígio político.

Falta a nós brasileiros compreendermos que errar é humano, como afirma aquele dito popular. Nem tudo que dá errado está ao nosso alcance. No caso do futebol, nem tudo é culpa do treinador. Nem sempre ele tem tempo de entrosar o time, dar padrão de jogo e ainda precisa lidar com uma pressão tremenda por resultados por parte de dirigentes e torcedores. Às vezes simplesmente foi o time adversário que estava melhor em campo, meramente isso.

Após a demissão de Dunga da Seleção Brasileira, o Brasil entrou em uma grande crise ficando de 2010 até 2013 sem ganhar títulos -aqueles amistosos ridículos contra o "time C" da Argentina não contam- além de colecionar resultados patéticos contra rivais de peso. E o São Paulo, após a saída de Muricy, ficou de 2009 até 2012 sem erguer uma taça sequer.

Talvez se dirigentes e torcedores não se deixassem levar pela raiva naquele momento de frustração, a história fosse diferente. Mas isso jamais saberemos.

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