segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A Involução de Mano Menezes

Imagem extraída do Facebook oficial do Corinthians- https://www.facebook.com/corinthians/



É fato que o Corinthians tem tido um bom desempenho no Brasileirão 2014, afinal vem mantendo regularidade e permanecendo nas primeiras posições rodada após rodada.

É fato também, no entanto, que Mano Menezes não mudou muito o estilo de jogo do Timão em relação ao antecessor Tite, priorizando muito mais a "raça" e a defesa em detrimento à técnica e à ofensividade.

Irônico notar que há cinco anos atrás, no mesmo Corinthians, Mano havia chegado ao seu auge no Coringão ressuscitando uma formação que estava caindo em desuso no futebol brasileiro: o esquema de três atacantes.

Os treinadores, naquela época, já estavam preocupados muito mais em preservarem seus empregos apoiando-se em resultados a curto prazo. Isso sem falar que o São Paulo de três zagueiros de Muricy (pois é, ele também já foi um grande retranqueiro) era soberano nos campeonatos brasileiros, o que influenciou muitos técnicos a jogarem com os seus times atrás da linha da bola.

Mano, por incrível que pareça, ajudou a acabar um pouco com esse paradigma, o que o credenciou a dirigir a Seleção Brasileira em 2010 no lugar de Dunga.



Corinthians em 2009 armado no 4-3-3/4-2-3-1: Mano deu um
jeito de encaixar os recém-contratados Ronaldo e Jorge Henrique
ao mesmo tempo em que supria a ausência do suspenso Morais.
A equipe ganhou em ofensividade e superou muitas equipes
retranqueiras, incluindo o São Paulo de Muricy e o
Internacional de Tite (imagem obtida via this11.com).



A Seleção Brasileira, no entanto, não parece ter feito muito bem a Mano. Sua estréia contra os Estados Unidos causou a impressão de que o time voltaria a empolgar e a jogar no ataque. Estava lá o esquema com três atacantes com Neymar e Pato entre eles. A equipe causou boa impressão no começo, mas passou a tropeçar diante de equipes de peso, como Argentina, França, Alemanha e Holanda.

Mano passou a "ressuscitar" alguns medalhões que viviam má fase na época (Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Fred, ...) e a encher o time de volantes, como Sandro e Rômulo que jamais corresponderam à expectativa criada. Nem mesmo seus homens de confiança do Corinthians -Paulinho, Ralf, Elias, Castán, Jucilei, André Santos e outros- conseguiam devolver à nossa Seleção o respeito merecido.



Mano costumava escalar a Seleção Brasileira desta maneira com
uma ou outra variação. Percebam que ela já se assemelhava
bastante com o time que jogou a Copa 2014. A equipe entrava
com três atacantes, mas o meio-de-campo era muito mais marcador
do que criador (imagem obtida via this11.com).



Mano passou pelo Flamengo em 2013 (quando tentou emular seu Corinthians de 2009 no Rubro-Negro) e depois regressaria à equipe do Parque São Jorge. Ele recebeu um time montado, deixado pelo seu conterrâneo Tite. Mas, com o fracasso do Paulistão 2014, o treinador gaúcho alterou drasticamente a formação de sua equipe. E...



Corinthians 2014 armado no 4-4-2 "losango": três volantes e
Renato Augusto, Jádson ou Lodeiro se revezando como
"trequartistas". A equipe ganha em defesa, mas perde em
criatividade. O Timão toma poucos gols, mas tem muita
dificuldade em colocar a bola na rede ou prender a bola no
campo de ataque (imagem obtida via this11.com).



Não critico o desempenho do Timão. Aliás, a palavra "crise" ainda não se aplica a uma equipe que esteja no "G4", brigando por vaga na Libertadores e mantendo certa regularidade. A derrota para o Flamengo, inclusive, não foi culpa do Corinthians.

A crítica, no entanto, vai, em primeiro lugar, para o mau uso dos recursos do Timão. Lodeiro, Renato Augusto e Jádson sabem jogar bola e, juntos, resolveriam o problema de criatividade do Corinthians. Por que não tirar um ou dois volantes e substituí-los por armadores? Ainda falando em meio-campistas, não concordei com o empréstimo de Douglas, que é um bom meia, tem visão de jogo e cobra bem as faltas.

O atacante Ángel Romero também merece mais chances. Ele é esforçado e tem mais talento que o carregador de piano Luciano.

Falta, por fim, colocar o Corinthians no ataque. Há jogadores para isto. É isto que o torcedor espera de sua equipe: um time que manda no jogo, que fica com a bola o tempo todo, que joga bonito e que faz muitos gols. Como isso é possível com um time repleto de volantes e tão recuado?

Escrevi e repito: se o Corinthians permaneceria jogando na defesa e com mais "pegada" do que técnica, era melhor ter ficado com o Tite que, injustamente, não teve o seu contrato renovado em 2013.

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