quarta-feira, 10 de setembro de 2014

É o Treinador quem Convoca a Seleção?

Imagem extraída de https://www.facebook.com/CBF/



Assistindo aos amistosos do Brasil contra a Colômbia e o Equador, me veio a seguinte pergunta: foi mesmo o Dunga quem convocou e escalou a nossa Seleção? A equipe é praticamente a mesma que Felipão utilizou para disputar a Copa do Mundo 2014. E, se olharmos friamente, há também muitas semelhanças com os times que Mano Menezes -antecessor de Felipão- escalou entre 2010 e 2012.



A seleção de Felipão na Copa 2014 (esquerda) e o time escalado por Dunga para os dois amistosos (direita): muitas
semelhanças e poucas diferenças na escalação (imagem obtida via this11.com).



O time escalado por Dunga melhorou um pouco o meio-de-campo em relação ao antecessor. Agora, os meias encostam mais nos atacantes, enquanto as equipes de Felipão deixavam um buraco no meio-de-campo obrigando os zagueiros a utilizarem a ligação direta. A Seleção, contudo, ainda apresenta individualismo demais e coletividade de menos. Muitas jogadas criadas são desperdiçadas porque os atletas tentam resolver tudo sozinhos ao invés de passarem a bola para um companheiro melhor posicionado. E o time confunde "velocidade" com "correria", um vicio que impregna o futebol brasileiro.

A Seleção Equatoriana padece do mesmo mal de jogar muito na correria. Não à toa, eles conseguiam chegar com facilidade à área brasileira em contra-ataques graças às arrancadas de seus jogadores. Mas pecavam muito nas finalizações e trocavam poucos passes. Em decorrência disso, tivemos um jogo bastante movimentado, mas pouco objetivo e decidido na bola parada mais uma vez.



Brasil ataca mais, mas não consegue furar as duas linhas de quatro
equatorianas, além de perder muito a bola por excesso de
individualismo. Equador atua em contra-ataques velozes aproveitando
os espaços deixados pelas subidas dos brasileiros, mas finaliza
mal (imagem obtida via this11.com).



O individualismo do Brasil, contudo, serviu para que o Brasil cavasse mais faltas próximas ao gol de Domínguez, que continua um bom goleiro e repetiu o bom desempenho exibido contra a França. O arqueiro equatoriano pouco pôde fazer contra a bola levantada na medida por Neymar para Willian fazer o único gol da partida.

Dunga ofereceu chance para os reservas mostrarem algum serviço. Éverton Ribeiro, Goulart, Coutinho, Elias e Fernandinho foram à campo. Estas, por sinal, foram as mesmas substituições feitas no jogo contra a Colômbia. O único estreante foi o corinthiano Gil, que teve pouquíssimo tempo para mostrar alguma coisa. Na prática, os dois amistosos transmitiram poucas esperanças de mudanças na Seleção, seja a curto ou a longo prazo.

Se o Brasil quiser apagar de vez o 7x1 sofrida pela Alemanha, terá de mudar muito mais que o treinador. É necessário mudar o jeito de jogar, abandonar os vícios de "jogar por uma bola", parar com essas bobagens de exaltar a raça em detrimento à técnica.

As seleções de 2010 (comandada pelo próprio Dunga) e de 2014 (comandada por Felipão) eram esforçadas, mas apresentavam pouca criatividade em campo. Dependiam muito do talento individual de seus poucos craques ao invés de se valerem do conjunto. A Espanha e a Alemanha (campeãs de 2010 e 2014, respectivamente), por outro lado, não tinham muitos destaques individuais, mas sim muito jogo coletivo. Vicente Del Bosque e Joachim Löw sabem muito bem que futebol não é jogo de um homem só e que no campo são 11 contra 11.

Dunga teve uma grande oportunidade de começar algo novo para o ciclo da Copa 2018, mas, com esse futebol de mais "pegada" do que técnica e placares magros, não animou muito os torcedores. E com praticamente o mesmo elenco de Felipão, transmitiu a sensação de que não é o treinador quem convoca a Seleção. Será?

Nenhum comentário:

Postar um comentário