terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Além dos Limites

Bono defendeu dois pênaltis e colocou o Marrocos nas quartas-
de-final (imagem extraída de www.facebook.com/ENMAROCofficiel).



Hernán Crespo disse que "onde as pernas não alcançam, o coração vai chegar". A frase do treinador argentino se aplica perfeitamente à atuação do Marrocos na partida de hoje. Os Leões do Atlas estavam fisicamente exauridos em campo mas resistiram bravamente à Espanha e estão nas quartas-de-final após uma grande atuação do goleiro Bono.

Walid Regragui foi a campo em 4-3-3/4-5-1. Em princípio, jogaria no contra-ataque mas foi soltando a sua equipe aos poucos em busca do resultado. Luis Enrique também utilizou o 4-3-3 com o tradicional toque de bola.

A Espanha, trocando passes, buscou por espaços na defesa e até criou algumas oportunidades, mas faltava quem finalizasse ao gol. Marrocos respondeu principalmente pelo seu lado direito com Hakimi e Ziyech tentando acionar En-Nesyri, mas os Leões do Atlas desperdiçam muitas chances.

Os marroquinos passaram a adiantar linhas e também a acelerar o jogo, decididos a tentar resolver tudo já no primeiro tempo mas pecavam nas finalizações. Os espanhóis fizeram como a Croácia no jogo de ontem e se poupavam enquanto os Leões do Atlas se desgastavam.



Espanha, em 4-3-3, troca passes em busca de brechas na zaga
marroquina mas carece de um finalizador. Marrocos, em 4-3-3/
4-5-1, se defende e responde pela direita com Hakimi e Ziyech
tentando acionar En-Nesyri, mas peca nas finalizações. Em dado
momento, Leões do Atlas adiantam o meio-de-campo e também
o lado esquerdo, mas não conseguem vazar Simón (imagem obtida
via this11.com).



O segundo tempo foi quase uma reprise da partida entre Japão e Croácia: o Marrocos, que correu muito na primeira etapa, teve uma "pane seca" na segunda e não conseguiu mais correr. A Espanha, que havia se poupado, passou a acelerar o jogo.

Luis Enrique até coloca Álvaro Morata em campo para vencer os exauridos zagueiros marroquinos na imposição física, mas o camisa 7 cometeu um grande erro ao sair demais da área e desperdiçar as chances que poderiam classificar a Furia.

Os jogadores marroquinos resistem o quanto podem e tentam contra-atacar pelos lados mas já estavam extenuados. Walid Regragui é obrigado a queimar várias alterações por cansaço ou lesão. Os ingressantes Attiyat Allah e Ezzalzouli até tentam jogar nos espaços deixados pelas subidas espanholas, mas não conseguem levar perigo.

O jogo, inevitavelmente, vai para a prorrogação e pênaltis. O goleiro Bono consegue defender as cobranças de Soler e Busquets, além de observar Sarabia carimbar o poste. Sabiri, Ziyech e Hakimi convertem suas cobranças, colocando o Marrocos pela primeira vez nas quartas-de-final de uma Copa do Mundo.



Mais descansada, a Espanha acelera o jogo e tenta se infiltrar com
Olmo e Williams, mas Morata sai muito da área e não consegue
arrematar as bolas alçadas. Marrocos, exaurido, passa todo o 2º
tempo e a prorrogação encolhido em 4-5-1. Attiyat Allah e
Ezzalzouli, que entraram na 2ª etapa, até tentaram contra-atacar
acionando Cheddira pela esquerda, mas faltava quem ajudasse
nas tabelas (imagem obtida via this11.com).



Marrocos se classifica na raça. Os africanos já não tinham mais pernas para enfrentar a Espanha de igual para igual mas seguraram o empate até o final e viram brilhar a estrela do goleiro Bono nos pênaltis. Walid Regragui, porém, deveria ter visto a atuação do Japão na partida de ontem visto que os Leões do Atlas cometeram o mesmo erro dos asiáticos e também tiveram uma "pane seca" no segundo tempo.

Espanha se despede fazendo mais uma campanha abaixo do esperado no Mundial. Acertaram ao esperar a quebra de ritmo dos marroquinos mas erraram principalmente com Morata. O camisa 7 deveria ficar na área para arrematar as jogadas. Se Luis Enrique quisesse um atacante mais móvel em campo, simplesmente manteria Asensio para o 2º tempo.

Os Leões do Atlas já tiveram o melhor desempenho de seleções africanas em Mundiais, igualando Camarões (1990), Senegal (2002) e Gana (2010). Será difícil superar os fortes portugueses nas quartas-de-final, mas se atuarem com a mesma raça demonstrada hoje, poderão sonhar com voos mais altos.



Imagem extraída de www.facebook.com/fifaworldcup




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