Faltou Malandragem

Messi aproveita o nervosismo dos australianos e abre o placar para a
Argentina (imagem extraída de www.facebook.com/fifaworldcup).

O futebol é decidido nos detalhes. A Austrália, mesmo ciente de suas limitações, enfrentou corajosamente a bicampeã Argentina e poderia até mesmo sair classificada, mas duas falhas (ingênuas, diga-se de passagem) custaram caro aos Socceroos e a Albiceleste está nas quartas-de-final.

Lionel Scaloni escalou seu time em 4-3-3 sem Di María (provavelmente poupado por problemas físicos. A Albiceleste, porém, se desdobrava em 3-5-2 com Papu Gómez fazendo a ala esquerda e Molina na direita, enquanto Acuña atuava como 3º zagueiro com a missão de deter Leckie.

Graham Arnold optou por um 4-4-2 com o time mais recuado e tentando contra-golpes pelos lados. Ademais, os Socceroos utilizavam seus ponteiros (Leckie e Irvine) para tentar cavar escanteios ou faltas próximos à área de Emi Martínez e utilizar o zagueiro grandalhão Souttar.

A Argentina tomou a iniciativa trocando passes e tentando se infiltrar na zaga australiana. Messi recuava para atrair a marcação e também para ajudar na articulação de jogadas. Austrália respondeu na imposição física e também interceptando os passes.

Os Socceroos resistiram à pressão inicial e começaram a responder principalmente com Irvine pela direita, visto que Leckie era muito bem vigiado por Acuña. Justamente quando a Austrália estava melhor na partida, o lateral Berhich discute com Messi próximo à área de Ryan e acaba cometendo uma falta. A Pulga aproveita e abre o placar.

Argentina, em 3-5-2, utiliza Messi recuando para abrir espaços
para os dois alas e para Álvarez, mas a marcação australiana
dificulta os passes e as infiltrações. Austrália, em 4-4-2, responde
principalmente pela esquerda com Irvine tentando cavar escanteios
próximos à área de Emi Martínez (imagem obtida via this11.com).

A Austrália volta mais agressiva na segunda etapa, adiantando linhas e também utilizando Leckie para forçar escanteios. O goleiro Ryan, contudo, erra feio após uma bola recuada e acaba entregando a pelota para Julián Álvarez ampliar. 2x0 Argentina.

Graham Arnold troca os homens de frente para buscar ao menos o empate. Com o jogo virtualmente controlado, Scaloni recua sua equipe mantendo apenas Messi e Lautaro atacando, além de subidas periódicas de De Paul.

Os Socceroos conseguem diminuir em um belo chute diagonal de Goodwin e seguem na estratégia de cavar bolas paradas para usar Souttar, mas Emi Martínez consegue dar conta do recado. Messi e Lautaro tentam responder mas desperdiçam muitos gols.

Austrália adianta linhas e tenta se infiltrar com Hrustic
e Kuol, além de manter a estratégia de cavar escanteios,
mas Emi Martínez consegue deter a maior parte das investidas.
Argentina tenta responder com Messi e Lautaro, mas a dupla
perde muitos gols (imagem obtida via this11.com). 

Argentina classifica-se com méritos mas também conta com uma pequena contribuição da Austrália, que foi ingênua nos dois gols sofridos. A falta de experiência e de tradição no futebol cobrou seu preço aos Socceroos em dois lances capitais para a partida. 

Os argentinos agora descansam e esperam a Holanda para a revanche de 2014 -encontraram-se na semifinal daquela Copa e a Albiceleste acabou passando nos pênaltis na ocasião. A Argentina demonstrou em campo que o susto diante da Arábia Saudita está superado e que o time tem condições efetivas para brigar pela taça nesta que será a despedida de Messi de sua seleção.

Graham Arnold e seus comandados podem retornar a seu país de cabeça erguida. A Austrália fez uma grande Copa do Mundo, igualou o desempenho de 2006 e mostrou que pode encarar potências de igual para igual apesar da pouca tradição no esporte. Precisam compreender, porém, que o futebol tem muita malícia envolvida e a força mental pode decidir muito mais partidas do que técnica ou talento.

Imagem extraída de www.facebook.com/fifaworldcup