quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

O Recado dos Clubes-Empresas

Patrick de Lucca (esquerda) foi uma das muitas contratações anunciadas
pelo Vasco (imagem extraída de www.facebook.com/vascodagama).



Vasco, Bahia e Cruzeiro têm em comum o acesso à Série A em 2022 e também o fato dos três times adotarem o modelo do clube-empresa. A Raposa já havia sido adquirida pelo ex-atacante Ronaldo em 2021 enquanto o Tricolor e o Gigante da Colina foram comprados neste ano pelo Grupo City e pela 777 Partners, respectivamente.

Os clubes, sob novas administrações, trataram de demonstrar seu poderio financeiro nesta janela de transferências realizando muitas contratações, inclusive adquirindo jogadores de rivais da Série A. O objetivo é, obviamente, reforçar o elenco e também mostrar que a era dos clubes-empresas chegou ao Brasil.

A cartolagem, de modo geral, reluta em aceitar o modelo do clube-empresa visto que isto significaria o fim de privilégios para os dirigentes e os clubes teriam mais responsabilidades fiscais, visto que no modelo tradicional tais instituições seriam (teoricamente) entidades sem fins lucrativos.

O clube no status de empresa impede que os dirigentes acumulem dívidas e também permite que as instituições sejam adquiridas podendo, assim, receber investimentos maciços de algum proprietário milionário, algo que muitos torcedores anseiam. Foi desta maneira times como o Chelsea, o Paris Saint-Germain e o Manchester City obtiveram elencos tão estrelados durante os últimos dez anos.



Nikão foi adquirido por empréstimo pelo Cruzeiro junto ao São
Paulo (imagem extraída de www.facebook.com/cruzeirooficial).



Todas as contratações realizadas pelos clubes-empresas foram um claro recado aos adversários de que o modelo tradicional, baseado na cartolagem, pode estar com os dias contados. Mesmo times como o São Paulo e Corinthians, que sempre costumavam tirar jogadores destes clubes outrora de baixo poder aquisitivo, agora observaram o cenário inverso nesta janela de transferências.

Tais mudanças, obviamente, não oferecem garantias de sucesso, sobretudo a curto prazo. O Botafogo, que foi adquirido pelo milionário John Textor no início do ano, ainda não conquistou nenhum troféu e tampouco conseguiu a vaga para a Libertadores de 2023 a despeito de todos os investimentos. É possível que as alterações bruscas levem algum tempo para serem assimiladas pela instituição.
 
O modelo do clube-empresa, ademais, não é perfeito como observei em outro post. Nada impede que o time caia nas mãos de algum proprietário "pouco quisto pelo torcedor" (como aconteceu com o Arsenal e o Manchester United) ou que a equipe acabe rebaixada a despeito de todos os investimentos (como ocorreu com o Málaga).

Não se sabe, portanto, se os novos clubes-empresas terão êxito no Brasil mas toda a movimentação destas instituições no mercado já foram o aviso de que grandes mudanças estão a caminho do futebol brasileiro. Foi um claro recado à cartolagem de que o modelo tradicional pode estar com os dias contados.



O Bahia também foi às compras e tirou o zagueiro Kanu do
Botafogo (imagem extraída de www.facebook.com/ecbahia).




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