sábado, 10 de dezembro de 2022

Não Há Terra Arrasada

Imagem extraída de www.facebook.com/fifaworldcup



O Brasil, mais uma vez, caiu nas quartas-de-final diante de uma seleção europeia. Foi assim em 2006 com a França, em 2010 com a Holanda e em 2018 com a Bélgica. Houve a exceção em 2014 mas convenhamos que as goleadas sofridas em casa para a Alemanha e para a Oranje foram bem piores do que o desempenho em si.

Nós brasileiros temos o péssimo hábito de invalidar toda a campanha de nossos times em virtude de um resultado final desfavorável. A grande maioria dos torcedores provavelmente está pedindo as cabeças de Tite e dos jogadores após a eliminação diante da Croácia esquecendo-se de que o Brasil jogou bem em todos os jogos disputados na Copa, incluindo a derrota diante do Camarões.

É fato que Brasil jogou um futebol um tanto mecânico e de pouca vibração, bastante influenciado pelas escolas europeias. Mas vimos, por outro lado, um time muito bom coletivamente, com muita consciência tática, que atuou sem rifar a bola e sem demonstrar afobação em campo. E foram raros os momentos de individualismo no gramado. Observei uma grande evolução tática em relação aos últimos Mundiais.

Houve, obviamente, alguns erros durante a preparação que cobraram seu preço no Mundial. O Brasil poderia ter realizado amistosos contra mais adversários de peso e Tite poderia ter sido menos paternalista em sua convocação -o treinador queimou uma das vagas com Daniel Alves sendo que a ausência de um lateral em forma foi bastante sentida, realizou poucos testes nos amistosos para cobrir eventuais desfalques e insistiu com atletas que já estavam lesionados ao longo da temporada.



Imagem extraída de www.facebook.com/fifaworldcup



Houve também um certo menosprezo por parte de alguns torcedores e comunicadores que subestimaram a Croácia e se esqueceram que os Enxadrezados também evoluíram muito durante os últimos anos. Há algum tempo a Hrvatska já não é mais surpresa no futebol (eu já os coloco no mesmo patamar de Bélgica e Holanda) e os balcânicos tinham plenas condições de enfrentar o Brasil de igual para igual, como demonstraram na sexta-feira.

A eliminação, portanto, não pode invalidar o que foi construído até aqui. O Brasil, mesmo sem ter conquistado o hexa, apresentou muito mais acertos do que erros em campo. Mais do que isso, ficou evidente a importância de se oferecer uma segunda chance ao treinador após uma falha visto que Tite pôde corrigir o que não deu certo na Rússia em 2018 e pôde entregar uma equipe muito melhor no Catar em 2022.

Deve haver, sim, uma continuidade no trabalho mas sem Tite (que já encerrou seu tempo na Seleção) e também sem parte do elenco que estará envelhecida para 2026 -Alisson, Danilo, Thiago Silva, Alex Sandro, Casemiro e Neymar já estarão com 34 anos ou mais até lá e dificilmente estarão em forma para a próxima Copa.

O próximo treinador deveria manter parte do elenco já estabelecido incluindo Marquinhos (que eu gostaria de ver como capitão no próximo ciclo), Militão, Vini Jr. Richarlison e Raphinha que ainda teriam idade para mais um Mundial e trariam a experiência desta Copa. Infelizmente, todo técnico novo raramente mantem a base do anterior porque prefere dar sua "assinatura pessoal" ao elenco. A conferir.

Não há terra arrasada na Seleção, Tite não foi burro, os jogadores não pipocaram em campo e o Brasil jogou bem. Não é necessário, portanto, uma "caça às bruxas". Agora é corrigir os erros, manter os acertos e preparar o elenco para o próximo ciclo.



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