quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Lateral na Fogueira

David Alaba não era muito seguro na defesa mas hoje é um dos melhores de
sua posição (imagem extraída de www.facebook.com/david.alaba.10888).



Guardiola, durante seus dois anos no Bayern München, viveu às turras com o departamento médico do clube. Treinador e profissionais de saúde viviam trocando acusações sobre quem era o responsável pelas intermináveis lesões do time.

Os constantes desfalques no Bayern deixaram Guardiola sem opções para a defesa durante a segunda metade da temporada 2014-15, o que o obrigou a realizar diversos improvisos. David Alaba, que sempre foi um lateral-esquerdo muito mais ofensivo do que defensivo, teve de ser escalado no miolo da zaga em alguns jogos. O austríaco foi mal dadas as suas características mas nascia naquele momento um dos melhores zagueiros da história do Bayern.

Muitos laterais com características mais ofensivas surgiram durante as últimas décadas. Suas fraquezas defensivas quase sempre são compensadas por estratégias como recomposição, o "perde pressiona" ou esquemas táticos que os favoreçam -como o 3-4-3 ou o 3-5-2.

O improviso de Alaba, porém, possibilita que a zaga tenha uma melhor saída de bola e também para que a segunda linha tenha mais mobilidade visando subir mais para o ataque. Treinadores como Jorge Sampaoli e o próprio Guardiola costumam recuar volantes para a defesa com o mesmo propósito.



Gvardiol era um lateral-esquerdo bastante inseguro, mas evoluiu
muito defensivamente e foi eleito um dos melhores zagueiros
da Copa 2022 (imagem extraída de www.facebook.com/rbleipzig).



Alguns laterais, porém, se deram tão bem com a mudança de posição que acabaram se tornando referências na zaga. O próprio Alaba evoluiu demais na função com o passar dos anos e venceu duas Champions League centralizado (2020 com o Bayern e 2022 com o Real Madrid), demonstrando muita segurança como zagueiro.

O francês Benjamin Pavard (que foi deslocado para a zaga por Julian Nagelsmann) e o croata Joško Gvardiol (sob as ordens de Zlatko Dalić) são outros dois laterais ofensivos que acabaram se dando bem centralizados e que foram essenciais para as conquistas de seus respectivos times em suas novas funções.

Alaba, Gvardiol e Pavard, ademais, não são jogadores muito altos e nem muito fortes. Eles, portanto, não são muito bons em divididas mas demonstraram outras qualidades defensivas como antecipação, posicionamento e mobilidade. Atletas considerados "leves", portanto, também conseguem se impor na técnica ou no talento. 

Eu sempre tenho muitas ressalvas ao improvisar jogadores quando não há necessidade -o que não foi o caso de Alaba em 2015. Muitas dessas experiências, porém, podem trazer à tona talentos ocultos. Jamais imaginaria que os ofensivos Pavard e Gvardiol se mostrariam zagueiros tão talentosos.

Tive muitas ressalvas com relação à passagem de Guardiola pelo Bayern München mas ele deixou alguns legados em seus dois anos na Alemanha. Quem diria que por mero acaso o catalão acabou plantando uma semente em 2015 que deu frutos em 2020...



O ofensivo Benjamin Pavard se deu bem na zaga e hoje também é
referência na posição (imagem extraída de www.facebook.com/FCBayern).




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