sábado, 31 de dezembro de 2022

Que Tal Pochettino, CBF?

Imagem extraída de www.facebook.com/TottenhamHotspur



E seguem as especulações a respeito de quem será o próximo treinador estrangeiro da Seleção Brasileira. Depois de Jorge Jesus, Abel Ferreira e Carlo Ancelotti; jornais franceses indicaram o ex-meia Zinedine Zidane para a sucessão de Tite. O nome de Zizou me agrada bastante e até pensei em escrever um texto imaginando o ex-armador no Escrete Canarinho. Hoje, contudo, me veio à cabeça um outro nome igualmente interessante, o ex-zagueiro Mauricio Pochettino.

O argentino de 50 anos jogou na França e na Espanha, além de seu país natal. Suas passagens mais memoráveis foram no Newell's Old Boys onde foi revelado e no Espanyol onde é ídolo -Pochettino, aliás, certa vez se recusou a comandar o arquirrival Barcelona em respeito aos Blanquiazules. Pela sua seleção, disputou a Copa América 1999 e a Copa do Mundo 2002.

Poch, contudo, ganhou ainda mais notoriedade como treinador com passagens por Espanyol, Southampton, Tottenham e PSG. Seu trabalho mais memorável foi pelos Spurs, quando levou o time londrino de volta a uma Champions League após cinco temporadas de ausência e ainda chegou ao vice da competição em 2019, perdendo para o Liverpool de Jürgen Klopp. Acabou injustamente demitido no mesmo ano após desentendimentos com o presidente do clube, Daniel Levy.

O ex-zagueiro conseguiu fazer do Tottenham uma equipe competitiva a despeito das poucas contratações, sobretudo se comparado aos elencos milionários dos rivais de Premier League. Seus times são sua imagem e semelhança, com muita luta e aplicação em campo, sem nunca desistir mesmo em cenários desfavoráveis. Por fim, Pochettino está desempregado e a CBF só teria de acertar salários com o argentino para contratá-lo.

Pochettino possui um jogo semelhante ao adotado pelo compatriota Lionel Scaloni. Suas equipes não jogam um futebol muito bonito (são bastante faltosas) e o meio-de-campo é muito mais voltado para a marcação do que criação, mas nunca faltaram raça e intensidade aos seus times. Alguns jornalistas nomearam o estilo de Poch como "briga de rua" em virtude disto.

O argentino não possui uma formação tática preferida, escalando suas equipes com dois ou três zagueiros dependendo do adversário. O treinador só não abre mão dos três volantes. Certa vez, durante a temporada 2017-18, Poch foi a campo com uma escalação bastante inusitada, um 5-4-1 "losango" -confira na ilustração abaixo!


 

Pochettino já adotou diversas formações táticas mas quase
sempre há três volantes. Este inusitado 5-4-1 "losango" ele
utilizou pelo Tottenham durante a temporada 2017-18 contra
o Real Madrid (imagem obtida via www.footballuser.com).



O principal "efeito colateral" de Pochettino é que suas equipes são muito faltosas. O treinador costuma "pilhar" demais os seus atletas antes dos jogos e são frequentes as expulsões ou suspensões de jogadores em suas equipes. Isto pode ser fatal, sobretudo em uma Copa do Mundo. O Brasil teve muitas experiências ruins nesse sentido com Felipe Melo (expulso contra a Holanda em 2010), Thiago Silva (suspenso contra a Alemanha em 2014) e Casemiro (suspenso contra a Bélgica em 2018).

O argentino, ademais, não tem títulos como treinador em seu currículo -Poch tem apenas dois vice-campeonatos pelo Tottenham. Isto, obviamente, não seria nenhum impeditivo para assumir a Seleção Brasileira, visto que Dunga e Scaloni também não possuíam conquistas anteriores antes de serem indicados. Mas algum troféu seria mais uma maneira de Pochettino impor respeito aos jogadores, torcedores e adversários.

Há, por fim, o fator "orgulho". Como a Argentina é a grande rival do Brasil no futebol, muitos detestariam ver a Seleção dirigida por um treinador nascido no país vizinho. A CBF sempre relutou em aceitar técnicos estrangeiros em sua equipe principal e a rejeição por um argentino seria ainda maior. Eu considero isto uma grande bobagem visto que Eduardo Coudet, Hernán Crespo e Juan Pablo Vojvoda fizeram ótimos trabalhos por aqui em tempos recentes.

Pochettino dificilmente viria à Seleção Brasileira pelos motivos explanados mas, sem dúvida, seria uma opção interessante. Teríamos um Brasil muito mais aplicado taticamente e sem espaço para a apatia. Isso sem mencionar que o argentino encontraria soluções criativas para eventuais deficiências no elenco.



Imagem extraída de www.facebook.com/TottenhamHotspur





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