quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Idade Não É Documento

Imagem extraída de http://www.facebook.com/juanromanriquelme10

O sucesso dos veteranos nos gramados não ocorre apenas no futebol brasileiro. Muitos argentinos trintões estão retornado à sua terra natal e vem se destacando no país. Maxi Rodríguez, Gabriel "El Gringo" Henize e Juan "La Brujita" Verón (este último estava aposentado, mas voltou à ativa neste ano) são alguns dos veteranos que estão se destacando no futebol argentino.

Paulo César Caju, em sua coluna no extinto Jornal da Tarde, explicou o sucesso dos veteranos da seguinte forma: como o nível técnico do futebol brasileiro é muito baixo, os veteranos utilizam a experiência e inteligência em campo e fazem a diferença ao pensar e organizar o jogo no meio-de-campo, algo que os brucutus e burocratas que impregnam o nosso futebol são incapazes de fazer. Maxi Rodríguez, em entrevista concedida no ano passado, afirmou que o futebol argentino passa por situação semelhante, uma vez que os treinadores têm medo de perderem seus empregos e, por isso, organizam as equipes muito mais para evitar uma derrota do que buscar uma vitória.

O nível técnico da maioria desses veteranos é algo impressionante. Os referidos atletas não correm muito e nem têm tanta força para dividirem uma bola. Os trintões, no entanto, possuem uma visão de jogo fantástica sendo capazes de enxergar um atleta livre a metros de distância, passam a bola com um controle magnífico, e possuem uma capacidade inacreditável de pensar e organizar uma jogada.

A pavorosa Libertadores 2013 que, felizmente, foi vencida pelo vertical Atlético Mineiro; também nos ofereceu o privilégio de desfrutarmos do futebol coletivo do Newell's Old Boys (time de Maxi Rodríguez e Heinze) e do promissor Boca Juniors do maestro Juan Román Riquelme.


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http://www.facebook.com/juanromanriquelme10
Riquelme, sem dúvida, continua sendo a grande atração do irregular time do Boca Juniors. A equipe Xeneize não joga mais aquele futebol que combinava beleza e eficiência de outrora apesar de contar com alguns jovens promissores, mas Román, mesmo convivendo com as lesões e as limitações impostas pela idade, ainda faz toda a diferença. Ele enxerga longe, trabalha a bola com precisão e organiza a equipe como um maestro regendo uma orquestra. O gol que ele fez contra o Corinthians neste ano foi executado de uma distância inacreditável. Acho que a grande maioria dos "maestros" daqui seriam incapazes de reproduzir a jogada do grande Riquelme. Acho que tamanha inteligência e visão de jogo ainda caberiam na Seleção Argentina: imaginem Higuaín, Messi e Agüero sendo regidos por um maestro da magnitude de Román. Seria a peça que falta para organizar o meio-de-campo -algo que Di María, Montillo, Banega e outros ainda não conseguiram, infelizmente.




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O experiente treinador Carlos Bianchi também é uma atração para os fãs de futebol. Ele foi um grande atacante com passagens brilhantes pela França, jogando no Stade de Reims e no PSG durante os anos 70 e sendo artilheiro da Ligue 1 por quatro temporadas consecutivas  (de 76 a 79). Como treinador, Bianchi faturou quatro Libertadores -uma pelo Vélez Sarsfield (1994) e três pelo Boca (2000, 2001 e 2003)- e dois Mundiais Interclubes pelo time Xeneize (2000 e 2003). Pergunto-me como um treinador tão vitorioso e com ideias tão boas como ele nunca teve o privilégio de dirigir a Seleção Argentina. Do alto de seus 64 anos, Bianchi presenteia o espectador com um bom futebol, mas com alguma dificuldade em fazer o time se impor em campo, o que explica as recentes campanhas irregulares do Boca.


Imagem extraída de http://www.facebook.com/juanromanriquelme10

Riquelme é uma lembrança constante de que o futebol não é apenas músculo e correria. Román, com toda a sua cerebralidade e ajudado pelo comando de Bianchi, mostra que o futebol inteligente pode, sim, derrotar equipes fisicamente mais fortes apenas com a inteligência. Toques de bola, jogo coletivo, visão de jogo e muita habilidade foram as armas que fizeram os "baixinhos" do Barcelona e do Borussia Dortmund derrotarem muitos "gigantes" em campo. O mesmo se aplica a Riquelme, que não é muito alto, mas que possui vasta experiência em derrubar colossos.

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