quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Retrocesso

Quando a CBF anunciou o retorno de Luis Felipe Scolari à Seleção Brasileira, considerei como um retrocesso. Não que o seu antecessor Mano Menezes estivesse fazendo um bom trabalho, mas quando perdemos a Copa em 2010 com a envelhecida seleção de Dunga, os dirigentes da CBF mencionaram muito a palavra "renovação" ao colocar o ex-corinthiano no comando da Canarinho.

A renovação passou a ser colocada em prática logo na primeira convocação, com Neymar, Ganso e Pato tomando o lugar de atletas trintões como Juan, Lúcio, Maicon e Gilberto Silva. Esqueceram, contudo, de avisar aos dirigentes que todo processo de renovação é marcado por resultados irregulares. Como os resultados não vieram, os cartolas da CBF tiveram a ideia de ressuscitar o Felipão. Matamos a chance de reinventar o nosso futebol em favor da pressa por títulos.

Não nego que o ex-palmeirense teve o mérito de conquistar a Copa do Mundo de 2002 e a Copa das Confederações de 2013 em momentos quando a Seleção não transmitia nenhuma confiança. Tal argumento ganha força quando levamos em conta que Felipão escalou praticamente o mesmo time de seu antecessor e fez aquele time vencer um campeonato. O treinador, portanto, fez a diferença no banco de reservas.

Não posso concordar, contudo, que o treinador continue com a mesma filosofia de armar equipes mais preocupadas com os aspectos defensivos do que ofensivos. Ou será que alguém aí achou que jogamos um futebol de encher os olhos nos últimos anos? Ademais, ganhar na base da catimba e fazendo um monte de faltas é uma atitude que considero condenável, assim como fizemos contra a Espanha.

Também não posso concordar com a convocação que o senhor Felipão realizou ontem. Na última lista apareceu o nome do Maicon. Ele até pode ter sido eleito o melhor lateral da Copa 2010, mas isso foi há três anos atrás. Não justifica convocá-lo agora, afinal Maicon fez uma temporada fraquíssima no Manchester City e ficou esquentando banco na maior parte do tempo. Julio César, idem: ele acabou de ser rebaixado pelo fraquíssimo Queens Park Rangers e suas últimas exibições em nada lembram aquelas que o arqueiro fazia na Internazionale, quando desbancou o titular Toldo. Quanto ao retorno do Ramires, até aceito: não é tecnicamente brilhante, mas ele ajuda um pouco na armação de jogadas. Pena que a dupla de volantes vai ser Luis Gustavo e "mais um". Se eu armasse o time no 4-2-3-1, eu escolheria entre Paulinho, Hernanes e Ramires, pois os três não se limitam a marcar e ajudariam a aliviar a responsabilidade do Oscar, que é o único atleta que o Felipão designou para armar a jogadas.

Respeito o Felipão pelos títulos, mas não concordo com a sua filosofia de jogo, nem com suas convocações. E não estranhem se atletas como Juan, Lúcio e Cris reaparecerem. Se Júlio César e Maicon voltaram, não acharia nem um pouco estranho se mais veteranos reaparecerem. Se quer adicionar experiência em campo, convoque o Alex Cabeção assim que ele voltar de lesão.

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