terça-feira, 8 de abril de 2014

Darwinismo Automobilístico

Imagem extraída do Facebook oficial de Lewis Hamilton-
https://www.facebook.com/LewisHamilton

A presença dos "supercampeões" na Fórmula 1 é um verdadeiro paradoxo para a modalidade. Você tem, por um lado, a consagração de grandes lendas do automobilismo, capazes de ganhar vários campeonatos consecutivos e gerando uma verdadeira supremacia na competição. Foi assim com os alemães Michael Schumacher e Sebastian Vettel, que deixaram seus nomes na história do automobilismo e são reverenciados pelos seus feitos magníficos.

Os "supercampeões", por outro lado, diminuem o interesse de torcedores e patrocinadores pela categoria. Ora, por que eu deveria torcer ou patrocinar algum piloto ou equipe sabendo-se que o título da temporada já tem dono? Qual a graça de uma competição se o vencedor será sempre o mesmo?

Foi provavelmente pensando nesses aspectos que a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) promove mudanças tão radicais na competição, como a proibição das trocas de pneus (como ocorreu em 2005), a adoção do KERS (Kinetic energy recovery system- em 2009) e agora a adoção de motores V6 (menos potentes). Sempre pesam os aspectos de segurança aos pilotos e também o equilíbrio na competição.

As mudanças nas regras tiram os "supercampeões" de sua zona de conforto e oferecem competições menos previsíveis, renovando o interesse dos patrocinadores e dos espectadores.

Eu, no entanto, vejo as alterações impostas pela FIA da seguinte forma: vence aquele que se adequar mais às regras, e não necessariamente o melhor piloto ou carro. Isto ficou evidente na temporada 2005 -quando os pneus Michelin fizeram uma grande diferença na equipe Renaut- e na temporada de 2009 -quando Ross Brawn deixou seus carros mais leves ao não adotar o KERS, além de implantar o polêmico difusor traseiro em suas máquinas. Não tiro os méritos de Fernando Alonso (campeão em 2005) e de Jenson Button (campeão em 2009), mas é inegável que as novas regras selecionaram o carro que melhor se adequou às mudanças. É quase um "Darwinismo automobilístico", em que a equipe melhor adaptada triunfa, enquanto as demais se vêem literalmente ultrapassados pelos novos campeões.

A temporada de 2014 adotou novas e radicais mudanças após os quatro anos de hegemonia de Sebastian Vettel e sua Red Bull. E os resultados já aparecem com as Mercedes de Brawn sobrando na temporada enquanto o piloto alemão vem encontrando dificuldades para se adequar à nova realidade. O ambiente outrora confortável para Vettel, agora é hostil, incerto e inseguro. De predador na cadeia alimentar, o tetracampeão tornou-se presa neste ano.

Eu não duvido nem um pouco do potencial do piloto Lewis Hamilton (foto), do qual sou fã declarado desde seu surgimento na McLaren em 2007. Arrojado e agressivo, Lewis tem a ousadia que muitos esportistas não possuem pelo medo de colocarem tudo a perder. Mas não tenho dúvidas de que as mudanças no regulamento e a genialidade de Ross Brawn para se adaptar às novas regras têm sido o grande diferencial para a boa temporada da Mercedes.

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