segunda-feira, 8 de julho de 2013

Ídolos Eternos

Josep Guardiola e o Mestre Johan Cruyff não foram apenas treinadores do Barcelona, como também a dupla vestiu a camisa blaugrana quando eram atletas. Rummenigge, Hoeness, Beckenbauer e Breitner foram atletas do Bayern München antes de se tornarem dirigentes do clube bávaro.

Essa história já contei em outros posts, mas sempre reforço que grandes ídolos dos clubes podem (e devem) continuar contribuindo com as instituições pelas quais serviram quando eram atletas, sobretudo se tiverem sido jogadores diferenciados.

Um ex-craque sempre pode ensinar um garoto a tratar a bola com carinho. Eles têm vivência em campo e sabem como se deve jogar bola e também como não se deve jogar bola. A grande maioria dos nossos "professores", como bem observou o grande Paulo Cézar Caju, é de ex-zagueiros ou ex-volantes burocráticos ou violentos e, portanto, só podem ensinar os meninos a marcar ou cobrar faltas. Não à toa, muitos deles não efetivam atletas formados nas categorias de base dos clubes, preferem adquirir jogadores "prontos" porque não têm bagagem para instruir um garoto a jogar bola.

O ex-craque, se for um ídolo do clube, poderá ensinar algo a mais do que jogar bola. Como têm identificação com a instituição, o ídolo pode ministrar ao garoto os valores do clube, bem como ensinar ao aspirante como amar e respeitar a camisa de seu clube.

É o que tenho observado nos dois clubes que eu mencionei no começo deste artigo. Observem como os garotos formados na cantera do Barça amam jogar pelo seu time. Vejam como Cesc Fàbregas, mesmo tendo jogado durante anos no Arsenal, ainda amava e respeitava o clube que o revelou. No Bayern a mesma coisa: Lahm, Schwensteiger, Kroos, Badstuber, Müller e Alaba são alguns dos muitos que foram criados na base da equipe bávara. Pergunte a qualquer um deles se trocariam de time.

Escrevo isso porque vejo o trabalho das bases dos grandes clubes brasileiros ser muito pouco valorizado. Ao mesmo tempo, vejo uma grande evasão de talentos motivada, muitas vezes, pelas poucas oportunidades nas equipes principais. Muitos dos garotos não parecem demonstrar amor ou entusiasmo pelo clube que os revelou. Ao mesmo tempo, os "professores" e cartolas pedem a contratação de um jogador para fazer "sombra" para um titular ao invés de aproveitarem os talentos criados em casa para mesmo compor o banco de reserva, como se aproveitar os garotos da base fosse algo humilhante.

Eu sempre penso o que um ex-craque que tem identificação com um clube poderia fazer pelos garotos da base, ensinando-os a jogar bola e a amar a instituição. O que um Raí ou um Zetti poderia fazer pelo meu Tricolor. O que um Ademir da Guia ou um São Marcos poderia fazer pelo Verdão. E por aí vai.

Enquanto isso, lá na Europa, pode ter a certeza que Puyol, Xavi, Lahm e Schweinsteiger continuarão em seus clubes mesmo após pendurarem as chuteiras. E darão continuidade ao processo de revelar novos craques.

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