sexta-feira, 19 de julho de 2013

Qual É o Problema Lá Fora?

Faz mais ou menos um ano que Fagner e Leandro Castán deixaram seus clubes e rumaram para Wolfsburg e Roma, respectivamente. Segundo alguns veículos de imprensa, o ex-vascaíno está voltando para o São Januário, enquanto o ex-corinthiano teria sido oferecido a Flamengo e São Paulo. Como a janela de transferência para atletas vindos do exterior fecha hoje, não será nenhuma surpresa se os dois aparecerem no seu time de coração.

As transações dos dois atletas, caso se confirmem, farão parte de uma triste estatística: atletas que fazem muito sucesso no Brasil -seja pelos títulos conquistados ou pelo futebol bem jogado-, acertam suas transferências para clubes no exterior, e acabam retornando rapidamente ao Brasil.

Os motivos que levam um atleta a retornar ao Brasil em tão pouco tempo são os mais variados: problemas com a adaptação com os costumes ou clima da região, dificuldades com o idioma, distância de amigos ou família, desavenças com colegas ou treinadores, dificuldade em conquistar posição no time ou em adaptar-se ao estilo de jogo (na Europa, a disciplina tática e o jogo coletivo são muito valorizados, ao contrário do Brasil onde os atletas têm mais liberdade para abandonar suas posições) e até racismo. Há, ainda, clubes que dispensam ou negociam seus atletas simplesmente porque não conseguem se classificar para a Champions League, da mesma forma que nossos clubes se desfazem de seus jogadores para fazer caixa e compensarem eliminações em campeonatos.

São histórias que chegam a ser tristes, pois a grande maioria dos jogadores têm origem humilde. Eles acabam encontrando no futebol uma chance de melhorar a própria condição social. Quando a carreira está consolidada em um grande clube no Brasil, os jogadores buscam realizar o sonho de jogar no exterior de onde poderão desfrutar de conforto, fama e luxo, algo que nunca tiveram enquanto eram pobres. Quando conseguem realizar tal feito, muitos se decepcionam ao perceberem que as tão desejadas "fama e fortuna" têm um alto preço. Ao não se adaptarem à nova realidade, os jogadores acabam retornando ao Brasil.

Fico pensando, ao mesmo tempo, como ficam os jogadores perante tamanha frustração. Nossos atletas estão indo para a Europa cada vez mais cedo. Há, inclusive, grandes clubes europeus vindo garimpar adolescentes aqui na América do Sul motivados pelo sucesso de Lionel Messi, que foi para a cantera do Barça quando tinha apenas 13 anos. Se já é um grande choque para atletas adultos, imagine como ficam os jovens ao serem obrigados ao retornar ao Brasil após uma aventura fracassada no exterior.

Reparem que muitos jogadores que tiveram passagens apagadas no exterior retornam ao Brasil e nunca mais demonstram aquele futebol (ou aquela raça e vontade, no caso dos "guerreiros") que os consagrou. Muitos ídolos foram do céu ao inferno ao passarem por tal situação. Eu não duvido que os fracassos no Velho Continente tenham abalado os jogadores e, com isso, afetado seus desempenhos profissionais.

A propósito: não sei dizer qual foi exatamente a situação que levou Castán e Fagner a serem especulados no Brasil. Pode ser que os dois tenham tido algum dos problemas que eu mencionei. Ou pode ser que isso tudo tenha sido meramente algum boato. A única certeza que existe: se os dois realmente retornarem, serão mais dois atletas brasileiros de sucesso que, de alguma forma, não conseguiram se firmar na Europa.

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