quinta-feira, 25 de julho de 2013

Um Clube Contra os Preconceitos



O Vôlei Futuro, clube sediado em Araçatuba, não irá participar da Superliga Masculina de Vôlei na temporada 2013-14 por falta de patrocínio. Um ano antes, o clube já havia anunciado o fim do time feminino.

O clube do interior paulista se juntará ao Medley/Campinas e ao Florianópolis, todos clubes que tiveram de encerrar suas atividades no vôlei profissional por falta de patrocínio.

O time chegou a ter grandes atletas em seu elenco, como Ricardinho (levantador e campeão pela Seleção Brasileira), Mário Jr., Lorena, Camejo, Michael, Lucão, Vissotto, Vini e outros. A equipe fizera boas campanhas, chegando às semifinais da Superliga na temporada 2010-11 e às finais da temporada 2011-12, mas ficou de fora dos playoffs da última temporada (2012-13), o que agravou a crise.

O momento mais marcante protagonizado pelo clube ocorreu em 2011, justamente durante as semifinais contra o SADA/Cruzeiro. Na ocasião, torcedores cruzeirenses debocharam do meio-de-rede Michael, utilizando-se do termo "bicha" para se referir ao atleta. O jogador, que é homossexual, teve o apoio de todos os seus colegas. O clube também saiu em defesa de seu jogador: no segundo jogo das semifinais, os atletas trajaram uniformes cor-de-rosa e o líbero Mário Jr. atuou utlilzando camisa com as cores do arco-íris (símbolo do orgulho GLBT). Os auto-falantes do ginásio, ainda, executaram a música "I'll Survive" a pedido do próprio Michael.

O homossexualismo ainda é um assunto muito controverso no Brasil e são poucas as entidades ou pessoas públicas que saem em defesa de tal causa. O Vôlei Futuro, no entanto, remou contra a maré e protagonizou uma grande demonstração de respeito e iniciativa. Nunca vi um gesto semelhante no esporte, nem mesmo em clubes do exterior.

O Vôlei Futuro voltaria, dois anos depois, a repetir o gesto contra o preconceito, desta vez contra a discriminação racial. O oposto Wallace (do SADA/Cruzeiro), que fora chamado de "macaco" por alguns torcedores do VIVO/Minas, recebeu apoio do clube de Araçatuba, mesmo defendendo um time adversário: os atletas do time do interior paulista jogaram contra o SADA/Cruzeiro trajando uniformes totalmente pretos como protesto contra o preconceito racial.

O Vôlei Futuro, ainda que não tenha ganho títulos na Superliga, deixa um legado de nobreza e humanidade ao lutar contra o preconceito, seja qual ele for. Espero que a situação de nosso vôlei melhore nos próximos anos para que o clube de Araçatuba volte às atividades.

Parabéns, Vôlei Futuro, pela atitude. Precisamos de mais clubes com a iniciativa de vocês. Até um dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário