quinta-feira, 11 de julho de 2013

O Desafio dos Livros

Saindo um pouco da esfera desportiva, resolvi comentar um pouco sobre o que se ensina nas escolas e universidades.

Para sobreviver no ambiente escolar ou universitário, você só precisa fazer uma coisa: atingir a nota mínima necessária para ser aprovado. Meramente isso. Você assiste a todas as aulas, anota o que o professor diz (ou registra em vídeo, uma vez que celulares com câmera, tablets e notebooks estão cada vez mais acessíveis) e lê a bibliografia recomendada até memorizar toda o conteúdo que virá a ser cobrado na avaliação.

O que está escrito nos livros são caminhos que foram trilhados por pesquisadores, filósofos, pensadores e professores. Várias pessoas contribuíram por séculos para que a ciência se tornasse o que é hoje. Alguns chegaram, inclusive, a arriscar suas vidas em busca do esclarecimento, uma vez que muitas descobertas e opiniões emitidas por essas pessoas confrontavam a opinião de líderes religiosos ou governantes. Muitos pagaram muito caro pelo simples gesto de questionar.

"Questionar". Este é o caminho para que a ciência evolua. O questionamento é sempre o primeiro passo para que um novo conhecimento seja agregado. Isto pode se dar das mais variadas maneiras, desde a busca de métodos para tornarmos as nossas vidas mais práticas, indo até níveis mais extremos, como contestar governos, religiões ou crenças. O questionamento poderá, inclusive, levar o pensador a rejeitar argumentos clássicos e elaborar teorias capazes de refutar os caminhos trilhados por outros pensadores, desde que apresentando provas palpáveis e bons argumentos.

Qual, então, a importância do ensino? Por que deveríamos ler livros dos quais sabemos como são os seus desfechos?

Simples. Miyamoto Musashi escreveu em seu Livro dos Cinco Anéis que para que um aprendiz se torne um mestre em algum ofício, seja qual ele for, o aspirante deverá, primeiro, trilhar os caminhos percorridos por outros mestres. Só então, o candidato terá maturidade e experiência para acrescentar, modificar ou rejeitar o que lhe foi ensinado. O último capítulo da obra de Musashi, inclusive, chama-se "O Livro do Vazio", onde o aprendiz é quem irá escrever após ter trilhado os caminhos de seus mestres.

É necessário, portanto, conhecer muito bem toda e qualquer linha de conhecimento para julgar, concordar ou discordar dela. Ninguém pode acrescentar algo novo ao conhecimento -seja essa novidade concordante ou discordante- se não demonstrar entendimento no assunto, provas palpáveis de seu raciocínio e bons argumentos para defender sua teoria.

Estudem, mas aprendam a se desprender dos livros e tentem escrever suas próprias obras. Você pode se surpreender com os resultados ao pensar um nível acima.

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